A Polícia Civil de São Paulo cumpriu, nesta sexta-feira, 24, um mandado de busca e apreensão em Piracicaba, município paulista, para investigar um caso de furto e repasse de informações sigilosas envolvendo o mercado de aplicativos de delivery. A operação teve como alvo um ex-funcionário do iFood, suspeito de copiar e transferir dados estratégicos da empresa de tecnologia e entregas on-line para concorrentes. Segundo apuração, o antigo colaborador estaria trabalhando na 99Food atualmente.
De acordo com o boletim de ocorrência, o suspeito teria movido milhares de registros e informações internas para dispositivos pessoais poucos dias antes de deixar a companhia. Parte desse conteúdo teria sido compartilhado com terceiros, e a polícia apura se ele foi repassado à concorrente estrangeira. Durante o cumprimento da ordem judicial, conduzido pelo delegado André de França Oliveira, foram apreendidos celulares, computadores e dispositivos de armazenamento, que passarão por perícia técnica para confirmar a transferência indevida de dados corporativos.
Esta é a segunda operação do tipo em uma semana. A coluna reportou que na última terça-feira, 21, a 32ª Delegacia de Polícia, em São Paulo, também cumpriu mandado de busca e apreensão contra um ex-funcionário do iFood, acusado de vender informações sigilosas da companhia a uma empresa de consultoria chinesa que estaria prestando serviço à Meituan, grupo chinês controlador da Keeta, que estreia no Brasil no fim deste mês. Segundo as investigações, o ex-funcionário teria recebido cerca de R$ 5 mil pelo material e comentado o repasse a colegas de trabalho em grupo de mensagens online, o que levou à denúncia.
Os dois casos se somam a outros inquéritos em andamento que apuram cooptação de ex-funcionários e uso de dados internos para obtenção de vantagem de mercado. As investigações mostram abordagens por meio de redes profissionais, como o LinkedIn, e propostas de entrevistas técnicas pagas por consultorias internacionais ligadas a concorrentes. Os pagamentos podem chegar a US$ 300 por hora para profissionais com acesso a informações operacionais e estratégicas de grandes empresas do setor.
As apurações seguem em andamento e investigam possíveis crimes de furto qualificado, concorrência desleal, violação de segredo profissional e invasão de dispositivo informático. A Keeta nega ter contratado qualquer serviço para obter informações de concorrentes e afirma não ter sido notificada sobre a investigação. Em nota, o iFood informou que não comentará o caso.