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Ana Luci Grizzi: “Sem empresas, a transição climática não acontece”

Estamos diante de um momento decisivo. A realização da COP-30 em Belém, em 2025, será muito mais do que uma agenda diplomática para governos: será também um divisor de águas para empresas que pretendem garantir competitividade em um cenário global orientado pela transição climática.

Não basta às organizações anunciarem compromissos institucionais ou relatórios de sustentabilidade sem consequência prática. O desafio é transformar a pauta ambiental em estratégia de negócio. Descarbonização, bioeconomia e circularidade já não podem ser tratadas como tendências periféricas, mas como pilares centrais de competitividade, reputação e atração de investimentos.

O setor privado brasileiro tem condições únicas de se posicionar nesse contexto. Somos reconhecidos por uma matriz energética relativamente limpa, mas esse diferencial precisa ser ampliado para cadeias produtivas inteiras. Exemplos já se multiplicam: siderúrgicas que começam a substituir carvão mineral por biocarbono e hidrogênio verde; varejistas que estruturam programas de logística reversa com escala nacional; e empresas de energia que expandem parques solares e eólicos, diversificando a matriz e reduzindo emissões.

A lógica é clara: antecipar-se à agenda internacional significa abrir portas para novos mercados e fortalecer a confiança de investidores. Relatórios recentes já mostram que fundos globais priorizam ativos com práticas ambientais sólidas e mensuráveis. Empresas que incorporam métricas climáticas às suas decisões de governança reduzem riscos, aumentam previsibilidade e conquistam credibilidade junto a consumidores e stakeholders.

A COP-30 será uma vitrine para o Brasil. Mas, para além do palco político, ela deve servir como catalisador para que empresas assumam protagonismo real na transição. É o setor privado que tem capacidade de inovação, agilidade na execução e poder de escala para transformar intenções em resultados concretos.

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Cabe às lideranças empresariais reconhecer que não se trata apenas de atender a exigências regulatórias ou reputacionais. A transição climática é também oportunidade de reposicionamento estratégico. Reduzir emissões significa mitigar riscos de mercado, otimizar processos, acessar financiamento verde e responder às expectativas de um consumidor cada vez mais consciente.

Se o Brasil quiser se consolidar como protagonista global da economia de baixo carbono, é imprescindível que suas empresas liderem pelo exemplo. A COP-30 será lembrada como um marco histórico, resta ao setor privado decidir se ocupará o papel de espectador ou de protagonista nessa transformação.

Ana Luci Grizzi é especialista em governança e sustentabilidade corporativa

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