Pesquisadores australianos, analisaram o ataque de 36 espécies de cobras venenosas e descobriram que algumas delas conseguem atingir o alvo em apenas 60 milissegundos — tempo menor do que um piscar de olhos. As serpentes foram filmadas a mil quadros por segundo enquanto atacavam um cilindro de gel balístico aquecido, criado para imitar músculos e pele.
O experimento, publicado no periódico científico Journal of Experimental Biology, capturou em detalhes a sequência de movimentos de cada animal. As imagens em câmera superlenta revelaram não apenas a velocidade impressionante do bote, mas também as diferentes estratégias usadas para morder e injetar veneno com precisão cirúrgica.
O que acontece durante o ataque?
Os cientistas observaram que as víboras são as mais rápidas e precisas. Em menos de 100 milissegundos, elas abrem as presas retráteis e as movimentam para reposicionar o ponto de perfuração antes de liberar o veneno. Algumas chegam a colocar as presas para frente, ajustando o ângulo ideal da mordida.
Já as elapídeas, grupo que inclui cobras-corais e najas, seguem outra tática: se aproximam lentamente e mordem várias vezes seguidas, comprimindo os músculos que circundam as glândulas de veneno para maximizar a injeção. Essas espécies, com presas fixas e mais curtas, compensam a limitação com insistência e rapidez.
As colubrídeas, grupo de cobras com presas localizadas na parte posterior da boca, usam uma técnica diferente. Como precisam abrir o maxilar de forma ampla, elas “serram” a presa, movendo as mandíbulas lateralmente até abrir uma incisão em forma de meia-lua. Esse corte facilita a penetração do veneno, mesmo com presas curtas e menos especializadas.
O estudo também mostrou que, durante os ataques, as serpentes aplicam forças impressionantes. Em alguns casos, como o da víbora Macrovipera lebetina, a aceleração chegou a 700 metros por segundo quadrado, com impacto suficiente para quebrar um dos dentes — algo que, segundo os cientistas, nunca havia sido filmado antes.
O que o estudo nos ensina sobre as cobras?
As diferentes estratégias observadas refletem milhões de anos de adaptação evolutiva. Espécies que caçam mamíferos precisaram desenvolver ataques extremamente rápidos, capazes de superar o reflexo de fuga das presas. Outras, que vivem em ambientes aquáticos ou arborícolas, evoluíram técnicas mais lentas, porém igualmente eficazes.