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Substâncias produzidas pelo intestino podem influenciar ganho de peso, mostra pesquisa

Um estudo apoiado pela FAPESP desenvolvido na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, encontrou um conjunto de metabólitos que são direcionados do intestino para o fígado e deste para o coração, de onde são bombeados para o restante do organismo. Os produtos têm papel importante no controle de vias metabólicas no fígado e na sensibilidade à insulina, o que pode contribuir para futuros tratamentos da obesidade e do diabetes tipo 2. Os resultados foram publicados na revista Cell Metabolism.

“A veia porta hepática drena grande parte do sangue do intestino para o fígado. Portanto, é o primeiro local que recebe os produtos do microbioma intestinal. No fígado, eles podem ser conjugados, transformados ou eliminados, para então entrar na circulação sistêmica”, explica Vitor Rosetto Muñoz, primeiro autor do estudo e pesquisador de pós-doutorado na Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EEFERP-USP).

“Ao analisar o sangue que sai do intestino e o sangue periférico, que circula pelo corpo, pudemos observar com mais precisão o enriquecimento destes metabólitos derivados do microbioma intestinal em cada local e, consequentemente, como eles podem modificar o metabolismo hepático e a saúde metabólica”, completa Muñoz, que realizou o trabalho durante estágio no Joslin Diabetes Center da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, com bolsa da FAPESP, sob supervisão do pesquisador Carl Ronald Kahn.

Nos últimos anos, o microbioma intestinal tem sido apontado como um importante mediador das interações entre genes e ambiente para o desenvolvimento de doenças metabólicas. Pesquisadores têm encontrado diferenças significativas, tanto entre roedores quanto entre humanos, na composição de microrganismos do intestino de indivíduos com e sem obesidade, diabetes tipo 2, intolerância à glicose e resistência à insulina.

No entanto, ainda é difícil saber exatamente quais as bactérias, compostos produzidos por elas ou da interação entre elas e o intestino são responsáveis por essas diferenças. Por isso, o estudo publicado agora analisou esses produtos, chamados metabólitos, no sangue de camundongos com diferentes suscetibilidades à obesidade e ao diabetes. O sangue colhido foi o da veia porta hepática, que liga o intestino ao fígado, e do sangue periférico, enviado do fígado para o coração e então bombeado para o resto do corpo.

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“Normalmente, os estudos costumam olhar para os metabólitos presentes no material fecal, ou no sangue periférico, mas eles não refletem exatamente o que está chegando primeiramente ao tecido hepático, que é um importante órgão metabólico atrelado a diferentes doenças”, conta o pesquisador.

No estudo publicado agora, foram encontrados 111 metabólitos enriquecidos na veia porta hepática e 74 no sangue periférico em camundongos saudáveis. Porém, ao expor camundongos suscetíveis a obesidade e diabetes tipo 2 a uma dieta hiperlipídica, rica em gorduras, o número de metabólitos enriquecidos na veia porta hepática passa de 111 para 48, mostrando que fatores ambientais podem ser determinantes nessa regulação.

Muitos desses metabólitos se diferenciam dos encontrados no sangue colhido no mesmo local em outro tipo de camundongo, resistente à síndrome metabólica. Isso aponta como a base genética também é fundamental para definir o perfil de metabólitos na veia porta hepática.

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“Isso mostra que tanto o ambiente quanto a genética do hospedeiro podem interagir de maneira complexa com o microbioma intestinal. Como consequência dessas interações, diferentes combinações de metabólitos poderão ser enviadas para o fígado e posteriormente para a circulação periférica. Provavelmente, esses metabólitos têm um papel importante na mediação das condições que levam à obesidade, ao diabetes e à síndrome metabólica”, afirma Muñoz.

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