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Musk amplia rixa com governo Trump e arrisca império bilionário; entenda

Tem sido um ano agitado para o magnata Elon Musk. Ele começou o mandato do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um conselheiro próximo e conduziu uma série de cortes na máquina pública à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês). Mas a lua de mel não durou, e Musk deixou o governo americano em maio. De amigo a rival do governo Trump, Musk publicou uma série de críticas ao homem que supervisiona agências-chave para que seus ambiciosos projetos, como levar astronautas à Lua antes da China e lançar uma frota de veículos autônomos, saiam do papel: Sean Duffy. Pode custar caro aos negócios.

“Ter um administrador da NASA que sabe literalmente ZERO sobre foguetes e naves espaciais prejudica o programa espacial americano e coloca nossos astronautas em perigo”, escreveu Musk no X, rede social da qual é dono, em referência a Duffy. Um dia antes, alegou que “Sean Dummy (trocadilho do sobrenome com “burro” em inglês) está tentando matar a NASA”.

Secretário de Transportes e administrador interino da NASA, Duffy representa uma ameaça aos interesses de Musk. Nos últimos dias, a Tesla lançou um novo modo de assistência avançada ao motorista, chamado “Mad Max”, que busca permitir que veículos autônomos andem e manobrem com mais confiança. Há, contudo, relatos de ultrapassagem de placas de “pare” e desrespeito aos limites de velocidade. No passado, o governo do democrata Joe Biden assumiu linha-dura a projetos similares da empresa de Musk, levando a Tesla a eliminar a “parada contínua”, que deixava que carros não parassem completamente em cruzamentos, e um recall de mais de 50 mil veículos em 2022.

Em meio à paralisação do governo dos EUA, resultado da falta de aprovação da lei orçamentária, Musk avança nas sombras com o Mad Max, embora o modo repita padrões de direção rejeitados por reguladores de trânsito. Mas colocá-lo em prática, de todo modo, pode não ser fácil. Na terça-feira, 21, um porta-voz da Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA, na sigla em inglês) informou ao jornal americano The Washington Post que abriu uma investigação e “está em contato com (a Tesla) para coletar informações adicionais” sobre o recurso.

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Negócios em risco

A crescente rixa com a administração levanta preocupações de apoiadores e acionistas das empresas de Musk. Para além da caça a Duffy, ele também trocou farpas com o consultor comercial Peter Navarro; o secretário do Tesouro, Scott Bessent; e até mesmo com Trump. Em entrevista ao The Washington Post, o investidor da Tesla, Ross Gerber, conhecido crítico de Musk, definiu as ações do bilionário como “muita autossabotagem”, acrescentando: “Você está basicamente brigando com o cara no comando”. Mas Musk parece otimista.

Em teleconferência de resultados trimestrais da Tesla nesta quarta, ele deu mais detalhes sobre projetos de inovação da Tesla. “Estamos apenas no início da expansão massiva do Full Self-Driving e do Robotaxi, mudando fundamentalmente a natureza do transporte”, disse. O empresário, contudo, reconheceu que a capacidade de expandir o Robotaxi, uma espécie de táxi sem motorista, para cerca de 10 áreas metropolitanas até o final do ano depende de “várias aprovações regulatórias”.

Mas, na contramão da lógica empresarial, Musk continuou a atacar profusamente Duffy, responsável por dar o aval, nas redes sociais. Em uma das postagens, ele sugeriu de novo que Duffy não é um homem suficientemente inteligente para o cargo: “O responsável pelo programa espacial americano não pode ter um QI de 2 dígitos”, escreveu, voltando mais tarde: “Neste ponto, não estou defendendo nenhum candidato específico para Administrador da NASA. Estou apenas desesperado por alguém com um QI de 3 dígitos”.

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As críticas tomaram força, e volume, após Duffy sugerir que a Artemis III, uma missão da NASA para pousar um foguete tripulado na Lua, seria aberta para fornecedores além da empresa de foguetes de Musk, a SpaceX. Durante participação no programa “Squawk Box”, da CNBC, Duffy elogiou o magnata, mas frisou que os seus esforços não haviam sido suficientes: “Eu adoro a SpaceX; é uma empresa incrível. O problema é que eles estão atrasados. Eles adiaram seus prazos e estamos em uma corrida contra a China. O presidente e eu queremos ir à Lua durante o mandato deste presidente, então vou abrir o contrato”.

Entre os candidatos, está a Blue Origin, empresa de astronáutica fundada por Jeff Bezos, também dono da Amazon. Há uma dinâmica de dependência mútua. De um lado, a SpaceX firmou um contrário bilionário com o governo para lançar a missão; do outro, a NASA depende dos equipamentos da SpaceX de impulsionar pessoas para a órbita. Mas a empresa do bilionário tem enfrentado inúmeros contratempos e atrasos para entregar um módulo lunar funcional.

A porta-voz da NASA, Bethany Stevens, afirmou nesta quarta que a agência deu à Blue Origin e à SpaceX a oportunidade de apresentar “abordagens de aceleração”, ao passo que também está solicitando propostas de outras empresas para acelerar a missão lunar. “Sob a orientação do presidente, Sean concentrou a agência em um objetivo claro: garantir que os Estados Unidos retornem à Lua antes da China”, disse ela ao The Washington Post.

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A NASA havia planejado o lançamento da Artemis III para 2024, antes de adiá-lo para 2027, mas muitos especialistas acreditam que esse cronograma também é irrealista. Duffy, no entanto, pareceu sugerir que a missão poderia acontecer mais tarde. Em entrevista à emissora americana Fox News, ele prometeu “derrotar os chineses” e “fazer isso durante o mandato do presidente Trump… ou seja, antes de janeiro de 2029”. Até lá, a empresa de Musk pode perder a vaga na viagem fora de órbita.

 

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