A produção nacional de automóveis pode ser paralisada devido a uma crise global que envolve os chips, maiores produtos de semicondutores do mundo. As fabricantes de todo o país podem interromper as fabricações em duas semanas se caso não haja uma solução para o problema.
Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a situação atual da indústria automotiva pode ser comparada com o período enfrentado no auge da pandemia de Covid-19 em 2020 e 2021, por conta da falta de chips. Nesse sentido, a Anfavea já alertou o governo federal para que tome medidas rápidas e decisivas para evitar o desabastecimento de semicondutores no país.
Através de uma nota enviada a Veja, a Anfavea afirma que a crise dos chips se deve por conta de disputas geopolíticas que se intensificaram neste mês. “Isso ocorreu depois que o governo holandês assumiu o controle da fabricante Nexperia, uma gigante de semicondutores que atua naquele país, subsidiária de um grupo chinês. Em resposta, a China impôs restrições à exportação de componentes eletrônicos, o que já afeta a produção em algumas fábricas automotivas na Europa e arrisca parar montadoras no Brasil”, diz a nota.
Para a produção de um veículo moderno é necessário de 1 mil a 3 mil chips. Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de fabricação em andamento.
Segundo o presidente da Anfavea, Igor Calvet, a rápida mobilização do governo se torna prioridade para evitar que aconteça um colapso na indústria automobilística. “Com 1,3 milhão de empregos em jogo em toda a cadeia automotiva, é fundamental que se busque uma solução em um momento já desafiador, marcado por altos juros e desaquecimento da demanda. A urgência é evidente, e a mobilização se faz necessária para evitar um colapso na indústria”, alerta o presidente da Anfavea.
Como a crise dos chips afeta a indústria automobilística?
A crise global dos chips, agravada pela pandemia e por gargalos na cadeia logística, tem causado forte impacto na indústria automobilística, que depende desses componentes para sistemas eletrônicos essenciais, como segurança, conectividade e desempenho. A escassez obrigou montadoras ao redor do mundo a reduzirem o ritmo de produção, adiar lançamentos e até suspender temporariamente atividades em fábricas. Com menos veículos disponíveis, o mercado enfrenta estoques limitados, maior tempo de espera e uma concentração da produção em modelos mais lucrativos, como SUVs e carros elétricos.
Além disso, o desequilíbrio entre oferta e demanda elevou significativamente os preços de automóveis novos e usados, afetando o consumidor final. Em alguns casos, as montadoras passaram a lançar versões com menos recursos tecnológicos devido à falta de semicondutores, reduzindo o acesso a itens de segurança e conforto. A situação também trouxe impactos econômicos e trabalhistas, como férias coletivas e cortes de turnos. Ao mesmo tempo, a crise reforçou a necessidade de ampliar a capacidade global de produção de chips e diversificar fornecedores, levando governos e empresas a investir em soluções que deixem o setor menos vulnerável a interrupções futuras.