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A costura de Lula com Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco antes da indicação de Messias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tem seu escolhido para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF): o advogado-geral da União, Jorge Messias. A confirmação ainda não foi oficializada, mas é tratada como decisão tomada nos bastidores do Planalto e entre lideranças governistas.

Segundo o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, Lula saiu do país com “convicção formada”. O anúncio, contudo, foi adiado até o retorno da viagem presidencial à Ásia.

“O presidente entende que não ficaria bem anunciar o nome e embarcar para a Malásia. Ele quer ajustar detalhes com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre”, disse Wagner em entrevista à CNN.

A peça central da costura política

De acordo com o editor José Benedito da Silva, em análise no programa Ponto de Vista, de VEJA, o atraso no anúncio tem menos a ver com formalidades e mais com negociações políticas delicadas.

“Lula precisa combinar com Alcolumbre. O senador é um dos articuladores mais influentes do Congresso e tem muito em jogo — desde cargos estratégicos no governo até interesses regionais no Amapá”, destacou Benedito.

Alcolumbre, que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) — responsável por sabatinar e aprovar indicações ao STF —, defende abertamente o nome de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, para a vaga. Lula, porém, optou por Jorge Messias, considerado um nome de confiança pessoal e política, além de um “soldado fiel” do petismo.

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“O Lula tem enorme confiança em Messias. Ele é militante histórico do PT, disciplinado e leal, com trânsito em vários setores — inclusive entre os evangélicos, algo importante para o governo”, afirmou o editor.

O jogo mineiro e a pacificação com Pacheco

Além de Alcolumbre, Rodrigo Pacheco é outro ponto sensível da costura. Lula tenta convencê-lo a disputar o governo de Minas Gerais em 2026 com apoio do Planalto, mas o presidente do Senado resiste à ideia.

A equação ficou mais complexa após a mudança partidária do vice-governador mineiro Mateus Simões, que deixou o partido Novo e se filiou ao PSD de Pacheco — movimento que fecha a porta para uma candidatura do próprio senador dentro da legenda.

“O Pacheco já estava pouco animado a disputar o governo de Minas, agora precisa procurar outro partido. Fala-se no MDB. E Lula tenta costurar esse caminho com a promessa de que, se reeleito, ele terá novas vagas no STF — uma delas pode ser a de Pacheco”, observou Benedito.

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Evitar o “fogo amigo” e encerrar o desgaste

Lula também teria decidido adiar o anúncio de Jorge Messias para evitar deixá-lo “na linha de tiro” enquanto está fora do país. Uma nomeação feita às vésperas da viagem colocaria o futuro ministro sob pressão imediata de aliados e adversários, com debates e ataques tomando conta do noticiário.

“O Lula não quis deixar Messias exposto a um tiroteio enquanto estivesse do outro lado do mundo. Faz sentido. Ele vai resolver tudo na volta, de forma mais discreta”, avaliou o editor.

O presidente também quer diminuir o tempo de lobby interno dentro do governo e no Judiciário. Ao longo das últimas indicações, como as de Cristiano Zanin e Flávio Dino, o Planalto enfrentou semanas de pressão e disputas de bastidor entre grupos do PT, do centrão e até de ministros do Supremo.

“O Lula aprendeu com as indicações anteriores. Quer encerrar essa discussão rápido, antes que os lobbies cresçam. Quanto antes confirmar Messias, melhor para ele e para o governo”, disse Benedito.

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Por que Messias é o nome ideal para Lula

A escolha de Jorge Messias, que ganhou notoriedade como “Bessias” — apelido derivado do episódio dos áudios da Lava Jato —, atende a três objetivos de Lula: reforçar a confiança pessoal no Supremo, fortalecer o núcleo jurídico-político do governo e equilibrar a imagem do presidente junto a grupos evangélicos.

Messias tem se aproximado de lideranças religiosas, inclusive do pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus do Brás, uma das maiores denominações evangélicas do país. A aproximação é vista como um ativo político para um governo que busca reduzir resistências entre os fiéis.

“O Messias é a bola de segurança do Lula: leal, discreto, técnico e com trânsito em setores estratégicos. Ele é o nome mais previsível — e, por isso mesmo, o mais confortável para o presidente”, concluiu Benedito.

O anúncio oficial deve ocorrer logo após o retorno da comitiva presidencial da Ásia. Até lá, o Palácio do Planalto segue acertando os últimos detalhes da operação política, num jogo que envolve o Senado, o centrão e até ministros do próprio Supremo.

Se confirmado, Jorge Messias consolidará a terceira indicação de Lula para o STF em seu atual mandato — e a mais estratégica delas, em um momento de rearranjo delicado no equilíbrio interno da Corte.

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