A Justiça de Minas Gerais converteu em preventiva, na noite da terça-feira, 21, a prisão em flagrante de um homem que matou a ex-namorada com chutes e pisões na cabeça em uma rua movimentada do bairro de Venda Nova, na zona norte de Belo Horizonte, durante a tarde da última segunda-feira, 20. A câmera de segurança de um estabelecimento comercial flagrou a ação criminosa (veja as imagens abaixo).
Matheus Henrique Santos Rodrigues, 24, foi preso em flagrante pela polícia logo após as agressões cometidas contra Christina Maciel Oliveira, 45. Em depoimento às autoridades, ele chegou a dizer que não aceitava o fim do relacionamento deles, o que teria motivado o espancamento até a morte de sua ex-companheira.
Christina era uma mulher trans e ativista pelos direitos da população LGBT+. Segundo o registro da ocorrência, ela e o assassino tinham discussões constantes. Além dos chutes e pisões, Rodrigues também agrediu a ex-companheira com socos até ela cair no chão. Depois de chutar diversas vezes a mulher, ele saiu andando do local do crime com aparente tranquilidade, como mostram as imagens.
As pessoas que estavam na rua acionaram o Samu para socorrer a vítima. Ela ainda tinha sinais vitais quando os agentes chegaram ao local, mas não resistiu aos ferimentos e morreu antes de ser levada para alguma unidade de saúde.
Segundo a polícia, Rodrigues confessou o espancamento e disse que o cometeu porque ela pediu que ele saísse da residência onde moravam juntos. “O modus operandi empregado pelo autuado revela extrema brutalidade e periculosidade do agente. O delito foi praticado em via pública, à luz do dia, e a vítima foi agredida com socos, derrubada ao chão e, já indefesa, pois caída ao solo, foi alvo de múltiplos e violentos chutes e pisões na cabeça, causa eficiente de sua morte. O intuito de esmagamento do crânio da vítima, com a prática de 9 (nove) pisões, afasta, a princípio a alegação da defesa de ausência do animus necandi”, afirmou em sua decisão o juiz Leonardo Vieira Rocha Damasceno.
Rodrigues tem várias outras passagens policiais. Além de ter medida protetiva solicitada por outra mulher, ele também responde a diversas acusações por roubo e furto. Até o momento, ele não possui advogado no processo e está sendo assistido pela Defensoria Pública. O espaço está aberto para manifestação.
Uma das entidades ativistas às quais Christiane era ligada, o Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (Insea), lamentou a sua morte em uma nota divulgada nas redes sociais. “Ela era muito amada, tinha sonhos e inspirou muitas pessoas que precisavam dela. É doloroso perder alguém que fez tanto por quem mais precisava. Sua morte não pode ser tratada como mais uma estatística: é resultado direto da negligência social e institucional diante da vida e da dignidade de pessoas trans”, diz o texto publicado no Instagram do instituto.