Os deputados Márcio Jerry (PCdoB) e Rubens Pereira Júnior (PT) acusaram o governador do Maranhão, Carlos Brandão (sem partido), de estar por trás da prática de “arapongagem criminosa” contra os agora ex-aliados políticos.
Nesta terça-feira, o deputado estadual Yglésio (PRTB) divulgou na Assembleia Legislativa gravações de conversas – aparentemente telefônicas e individuais – com a participação de Jerry, Pereira Júnior e o secretário executivo do Ministério do Esporte, Diego Galdino.
Em discursos na tribuna da Câmara, Jerry e Pereira Júnior reagiram à divulgação dos áudios dizendo que Brandão “designou” um bolsonarista para “repercutir esses atos indecentes, esses atos de gangsterismo político” e se dizer alvo de crime de ameaça.
Na semana passada, por meio de sua secretaria de Segurança Pública, o governador maranhense havia repudiado o que chamou de “denúncia descabida” da dupla de deputados federais sobre a suposta existência de “grampos ilegais” no estado para incriminá-los.
Ao comentar o teor das gravações, Rubens Pereira Júnior declarou na tribuna da Câmara que tentava atuar como um intermediário da pacificação do grupo político que teve origem sob o comando de Flávio Dino, governador do Maranhão por dois mandatos e fiador da eleição de Brandão em 2022.
Pereira Júnior afirmou que o próprio Brandão pediu que ele dialogasse com o hoje ministro do STF. “Fui e dialoguei com ele. Quando eu trago o retorno para o governador Carlos Brandão, para ele e para o seu irmão Marcos Brandão, pasmem os senhores, sou gravado ilegalmente por esses dois personagens da política do Maranhão”, disse o deputado.
Ele continuou: “Não temo de forma alguma expor o teor do diálogo (com Dino). Isso é o que me tranquiliza. Ao chegar ao ministro Flávio Dino e ao desembargador federal Ney Bello, eu disse: ‘Olha, estou vindo aqui numa missão de paz’. Primeira resposta do ministro: ‘Paz? Comigo não há guerra’. E eu disse: ‘Flávio, mas venho aqui em nome do governador Brandão para construir e retomar a pacificação do nosso grupo político’”.
Segundo o parlamentar petista, Dino respondeu: “Júnior, não estou mais na política. Esse assunto tem que ser resolvido por vocês. Recomendo que procure Márcio Jerry (e) Felipe Camarão, vice-governador, do PT. Desde que assumi esta cadeira como ministro do Supremo Tribunal Federal, tive que sair das conduções políticas.”
Ainda na Câmara, Pereira Júnior continuou relatando sua versão do diálogo: “Perguntei: ‘Flávio, e essa questão do TCE? Tem um processo judicial aqui’. A resposta dele para mim foi: ‘Processo judicial se trata nos autos, nunca em uma mesa de discussão política’. Eu prossigo: ‘Flávio, o momento no Maranhão está conturbado. Qual o conselho que você pode me dar?’. (Ele) me responde: ‘Não para esse caso, mas, como regra da vida, é melhor buscar a paz e a unidade do que a guerra.’”
Para o deputado do PT, o diálogo se deu no campo do “aconselhamento pessoal”, mas foi transformado em uma “paranoia” por Marcos Brandão, irmão do governador, “como uma tentativa de intimidação, de perseguição e de chantagem”. No mesmo discurso, o parlamentar anunciou o pedido de exoneração “irretratável” de seu pai, Rubens Pereira, do cargo de secretário de Articulação Política do Maranhão.