Desde que entrou com pedido de medida cautelar para bloquear cobranças de fornecedores, há cerca de um mês, a Ambipar, que entrou em recuperação judicial nesta terça-feira, 21, com dívidas superiores a 10,4 bilhões de reais, vem sofrendo. A companhia diz que tem atuado para manter as relações comerciais “ativas e equilibradas” e que tem realizado diariamente conversas com fornecedores, reuniões de esclarecimento e comunicações formais explicando os efeitos da decisão judicial, mas que isso tem sido insuficiente para manter a continuidade dos serviços. O volume de notificações cresceu. Muitos querem interromper contratos por dívidas antigas. “A interrupção de qualquer elo dessa cadeia impacta imediatamente toda a operação”, diz a empresa na apresentação do pedido de recuperação.
Além do risco com fornecedores, há outro, “silencioso, quase invisível”, que passou a ameaçar a operação. “Não foi um colapso de mercado, não foi um cliente que rescindiu contrato, tampouco uma perda de receita. O que tem posto em risco a continuidade é algo muito mais banal – um clique. Um comando remoto que, ao toque de um botão, bloqueia um caminhão, uma plataforma, um veículo, um equipamento que está em campo, e paralisa não apenas um serviço, mas uma cadeia inteira de produção”, diz a companhia. Os bloqueios, realizados por locadoras, têm sido frequentes. Cerca de 70% da frota atualmente utilizada pelo grupo é composta por veículos e equipamentos locados.