O PSD marcou para a próxima segunda-feira, 27, o ato de filiação do vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, ao partido. Atual chefe do Executivo mineiro, Romeu Zema (Novo), que está no segundo mandato e não pode disputar nova recondução ao cargo, já disse que o companheiro de chapa terá o seu apoio na eleição estadual no ano que vem.
Em mensagem enviada aos filiados do Novo, Simões disse que a decisão não é uma ruptura, mas uma “soma”. “Nos próximos dias, me filiarei ao PSD, partido que em Minas representa a unificação necessária para garantir a sucessão do governador Romeu Zema e a continuidade do nosso projeto de transformação”, escreveu. A legenda comandada nacionalmente por Gilberto Kassab foi a que mais elegeu prefeitos no estado no ano passado, e pode representar um apoio poderoso em uma eventual candidatura.
A movimentação complica ainda mais o plano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já afirmou publicamente que seu nome favorito para disputar o governo de Minas Gerais é o do senador Rodrigo Pacheco –também do PSD. Lula acredita que o ex-presidente do Senado é o único aliado que pode derrotar a direita no estado em 2026.
O PT não tem nenhuma figura competitiva para o governo mineiro. Em 2022, também não lançou candidato e apoiou o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, que foi derrotado por Zema ainda no primeiro turno. Na última eleição municipal, em 2024, o candidato petista, deputado Rogério Corrêa, obteve menos de 5% dos votos na disputa pela prefeitura da capital e chegou em sexto lugar.
Pacheco, que já se mostrava reticente a aceitar o desafio proposto por Lula, agora terá uma pedra extra no caminho, pois terá que procurar outro partido — uma possibilidade aventada é o MDB, legenda à qual esteve filiado entre 2009 e 2018.

Há ainda outra questão: a indicação de Lula ao STF. Apesar da predileção do presidente para que Pacheco concorra ao governo, aliados poderosos defendem que o senador seja o escolhido para a vaga recém-aberta na mais alta Corte do país, com a aposentadoria de Luís Roberto Barroso. Neste grupo, estão o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o ministro Gilmar Mendes, que já disse que Pacheco era “o nosso candidato”.
Lula tenta convencer o mineiro a aceitar seu desafio de tentar o governo de Minas Gerais, sob a promessa de não deixá-lo desamparado em uma eventual derrota: se reeleito ao Palácio do Planalto, o petista fará mais três indicações ao Supremo durante o próximo mandato, com as aposentadorias de Luiz Fux (2028), Cármen Lúcia (2029) e Gilmar Mendes (2030).
Plano B
Em todo caso, o partido do presidente já está de olho em uma alternativa caso a candidatura de Pacheco naufrague: a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, jantou com Alexandre Kalil na semana passada, após a filiação dele ao PDT. Essa relação estava estremecida após a derrota do ex-prefeito na tentativa ao governo em 2022.

Pesquisa
Levantamento divulgado pelo instituto AtlasIntel no final de agosto chegou a dar Pacheco numericamente à frente na corrida ao governo: ele teria 32,8% das intenções de voto contra 30,1% do deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que nunca assumiu que será candidato ao cargo. Na sequência, apareciam o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), com 14,1%; o ex-prefeito Alexandre Kalil (PDT), com 8,3%; o vice-governador Mateus Simões, com 5,3%, e o ex-governador Aécio Neves (PSDB), com 3,5%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Pesquisa mais recente, divulgada pelo instituto Paraná Pesquisas em 8 de outubro, no entanto, aponta o senador Cleitinho Azevedo na liderança, com 40,6%, seguido por Kalil (13,5%), Pacheco (13,6%), a prefeita de Contagem, Marília Campos, do PT (10,6%), e Mateus Simões (5,9%). A margem de erro é de 2,6 pontos percentuais para mais ou para menos.