Um grupo de mineradores se deparou, no último sábado (18), com um grande pedaço de metal ainda em chamas, no meio do deserto de Pilbara, oeste da Austrália. O objeto, que parecia ter caído do céu, foi isolado pela polícia local, que acionou a Agência Espacial Australiana para investigar o caso.
As primeiras análises indicam que o fragmento é feito de fibra de carbono e tem características compatíveis com componentes aeroespaciais, como tanques de foguetes ou recipientes de alta pressão usados em naves espaciais. O Escritório de Segurança do Transporte da Austrália já descartou qualquer ligação com aviões comerciais.
O objeto pode ser a quarta etapa de um foguete chinês Jielong, lançado no final de setembro. Se a hipótese for confirmada, o fragmento teria orbitado a Terra por algumas semanas antes de reentrar inesperadamente na atmosfera e cair em solo australiano.

O fenômeno pode se repetir?
Embora a recuperação de destroços espaciais seja incomum, o aumento no número de lançamentos de foguetes e satélites tem tornado episódios como esse mais frequentes. Inclusive, em 2022, pedaços de uma missão da SpaceX foram encontrados em fazendas no estado de Nova Gales do Sul, e em 2023 outro fragmento caiu em uma praia no oeste do país.
A maior parte do chamado “lixo espacial” se desintegra ao entrar na atmosfera, mas partes mais resistentes; feitas de titânio, aço inoxidável ou compósitos; conseguem sobreviver à reentrada. Como mais de 70% da superfície terrestre é coberta por oceanos, raramente esses fragmentos atingem áreas habitadas.
Qual o risco para a população?
A polícia australiana informou que o objeto foi recolhido e armazenado em segurança, sem oferecer perigo imediato à população. Mesmo assim, a Agência Espacial Australiana alertou que pessoas que encontrem possíveis destroços devem evitar tocá-los, já que podem conter combustível residual ou substâncias tóxicas.
Segundo a Agência Espacial Europeia, o aumento do lixo em órbita exige medidas mais rigorosas. As novas diretrizes internacionais determinam que foguetes e satélites sejam projetados para se desintegrar completamente ao final da missão ou tenham combustível suficiente para uma reentrada controlada, geralmente em áreas remotas do oceano, conhecidas como “cemitérios espaciais”.
Agora, as autoridades australianas querem confirmar a origem exata do artefato e determinar se ele de fato pertence a um foguete chinês.