Aos 82 anos, Aguinaldo Silva coleciona novelas clássicas em seu currículo como dramaturgo: Vale Tudo (1988), Tieta (1989), A Indomada (1997), Senhora do Destino (2004), Duas Caras (2007), Fina Estampa (2011), Império (2014), entre outras. Nesta segunda-feira, 20, o autor lança sua mais nova obra, Três Graças, novela das 9 da Globo que substitui o remake de Vale Tudo e é assinada em conjunto com Virgílio Silva e Zé Dassilva. A VEJA, Aguinaldo Silva falou sobre o desafio de fazer um folhetim em uma era que o telespectador vê as novelas com lupa e através das redes sociais. Confira:
O senhor é famoso por fazer novelas que são marcantes, com vilãs inesquecíveis e boas críticas sociais. O que Três Graças vai trazer de reflexões para o público? Eu acho que eu faço um tipo de novela que é também uma reportagem sobre sobre vida real. No caso de Três Graças, eu vou falar sobre um tema que é muito importante no Brasil e que não é muito abordado, que é o problema das mães solo, das meninas que ficam grávidas muito cedo e que não contam com a boa vontade dos pais das crianças que vão embora, deixando elas sozinhas. Essas meninas se descobrem mães e veem a necessidade de se tornar adultas mais cedo para trabalhar, para sustentar o filho, essa coisa toda. Elas têm a vida cortada ao meio, mas vão à luta, são verdadeiras heroínas e são personagens que não têm voz na teledramaturgia, mas são personagens que conhecemos e vemos todo dia. Vemos elas descendo do ônibus, saindo do metrô, do trem e elas trabalham e, apesar de todas as dificuldades, elas têm uma alegria de viver.
Alguém ou algo o inspirou a criar essas personagens como a mocinha Gerluce (Sophie Charlotte)? Essas personagens são personagens que eu resolvi que mereciam ser mostrados numa novela, na televisão. Evidentemente que uma novela não é um documentário, é ficção. E você tem que mostrar essas essas coisas mais de uma maneira que elas se encaixem dentro de uma história, né? E esse é o caso de Três Graças. Nós vamos contar a história de três mulheres, avó, mãe e filha, que foram que foram mães solteiras e que lutam para sobreviver, mesmo sabendo que não não vão poder contar com a ajuda de um pai. Elas são mãe solo e elas não se lamentam, não, elas vivem a vida sem queixas. Elas sabem que a vida é para ser vivida.
Hoje em dia vemos o fenômeno do telespectador de novela que está sempre acompanhando tudo e comentando nas redes sociais. Como lida com essa nova relação com o público? Eu acho ótimo. Antigamente, se a gente queria saber a repercussão da novela, a gente tinha que esperar uns dias, esperar uma pesquisa, ou você ia no supermercado, ou na padaria para escutar as pessoas. Agora não, acaba o capítulo e você tem o o feedback na hora, na internet. Eu acho ótimo isso. E levo muito a sério. As pessoas não estão opinando à toa. Elas em geral estão opinando com uma certa razão, e a gente tem que levar isso em consideração.
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