A pesquisa Panorama Nacional 2025 – IA e o Futuro do Trabalho, feita pela Cornerstone Career Services em parceria com a ABRH-SP e o Infojobs, traz um alerta para a governança das empresas: há um descompasso entre profissionais e empresas no que diz respeito à adoção da inteligência artificial no ambiente de trabalho.
Segundo o estudo, 79,1% dos profissionais já utilizam ferramentas de IA em suas rotinas, mas apenas 23,7% afirmam que suas companhias têm políticas claras sobre o tema. “As pessoas estão usando muito, mas com baixa orientação, o que resulta em um risco alto para a segurança de dados e governança. Isso fica claro na pesquisa”, diz Fernando de Vincenzo, diretor da multinacional no Brasil.
A corrida pela IA é, em boa parte, autodidata. Muitos profissionais estão se capacitando por conta própria e usando plataformas como ChatGPT, Copilot e Gemini, sem esperar por treinamentos corporativos ou soluções internas. Ferramentas como Notion AI, Jasper, Writesonic, Perplexity, DeepSeek, Gamma e Manus aparecem em menor escala, enquanto soluções desenvolvidas pelas próprias empresas representam cerca de 12% do uso total.
O detalhamento do estudo revela que o uso ainda é superficial. A geração de texto domina o uso da IA (78,7%), seguida de ferramentas de produtividade e escritório (6,3%), automação e analytics (2%) e geração de imagem (1%). “A ferramenta de IA que a gente usa é uma ferramenta simplória frente ao que se pode desenvolver e construir de IA”, diz.
Otimismo em relação ao futuro do trabalho
O brasileiro é, antes de tudo, um entusiasta e otimista da tecnologia. De acordo com o levantamento, 73,7% dos entrevistados veem a IA como uma oportunidade de crescimento e 86,5% acreditam que ela criará novas profissões. Apenas 14,2% a enxergam como ameaça.
“É uma grande janela de oportunidade de carreira. Ao mesmo tempo em vão sumir posições, vai abrir um leque de novas possibilidades de carreira para diversas pessoas”, diz o executivo. A grande maioria concorda:86,5% dos profissionais acreditam que a IA vai gerar novas profissões e caminhos de carreira.Nesse cenário, vão se destacar os profissionais curiosos e abertos ao aprendizado contínuo.
Mas o avanço da tecnologia também levanta dúvidas sobre ética e responsabilidade. A pesquisa revela que, embora 69,9% dos profissionais afirmem estar preparados para lidar com riscos éticos, apenas 34,4% confiam plenamente que suas empresas adotam práticas rigorosas de proteção de dados. Outros 28% discordam (total ou parcialmente) dessa afirmação, e 13,9% se mantêm neutros, revelando um quadro dividido de confiança na governança corporativa.
Segundo o executivo, as companhias vivem uma fase de aprendizado. “O profissional brasileiro está curioso, engajado e aberto à inovação — mas o ambiente corporativo ainda precisa evoluir em políticas, treinamento e segurança para acompanhar esse ritmo”.