Rodrigo Paz, senador de centro-direita do Partido Democrata Cristão (PDC), foi eleito presidente da Bolívia, de acordo com os resultados da eleição, derrotando o candidato de direita Jorge “Tuto” Quiroga, do Aliança Livre. Essa é a primeira vez em vinte anos que a Bolívia não será governada pela esquerda. Paz foi eleito no segundo turno com 54,49% dos votos, contra 45,47% dos votos do rival, em uma disputa que teve os desafios econômicos do país latino no centro das discussões.
“Este é um momento de mudança, de renovação, e acredito que neste ano bicentenário, o país está encerrando 200 anos de um ciclo e iniciando um novo. Se o povo da Bolívia me der a oportunidade de ser presidente, minha abordagem será chegar a um consenso, concordar, fazer as coisas avançarem”, declarou Paz a repórteres neste domingo, ao sair de uma seção eleitoral na cidade de Tarija, no sul do país.
Filho do ex-presidente Jamie Paz Zamora, Paz defende dar incentivos para o setor privado e manter políticas de cunho social que marcaram os governos socialistas. A iniciativa foi batizada de “capitalismo para todos”. Ele também promete formalizar as atividades econômicas que acontecem majoritariamente à margem de qualquer controle do Estado.
A delicada questão econômica da Bolívia era o principal ponto da eleição. A inflação é de 25%, as reservas cambiais se esvaíram e o déficit fiscal chega a 13% do PIB, em função da política de subsídios aos alimentos e combustíveis. Não há dólares no país, que é mantido artificialmente, com uma taxa de câmbio congelada, que acumula perdas inflacionárias de 25%.
Outro problema que havia dado a tônica da campanha eleitoral foi a segurança pública. O país vive uma escalada na expansão do narcotráfico, inclusive com participação do PCC, que internacionalizou suas operações. Enquanto Paz Pereira prometia fortalecer as instituições, Quiroga defendia uma política linha dura, tal qual a aplicada por líderes populistas de direita no continente, como Daniel Noboa, do Equador, e Nayib Bukele, de El Salvador, com quem tem mantido conversas.