O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira, 17, que o seu homólogo da Venezuela, Nicolás Maduro, já tentou de “tudo” para evitar um confronto com os EUA. A declaração ocorre poucos dias após uma reportagem do jornal americano The New York Times apontar que o líder chavista tentou oferecer amplas concessões econômicas a empresas de energia e mineração americanas em troca de uma trégua política com o governo Trump, que enviou tropas para o Caribe em um suposto cerco ao narcotráfico.
“Ele ofereceu tudo. Sabe por quê? Porque não querem f**** com os Estados Unidos”, alegou Trump.
O republicano também afirmou que as forças americanas atacaram um navio que “transportava drogas”, mas não informou se fazia referência ao bombardeio registrado na quinta-feira — o primeiro com sobreviventes, segundo a agência de notícias Reuters — ou se comentava sobre uma nova operação. Até o momento, os EUA já alvejaram oito embarcações na costa venezuelana e mataram ao menos 27 pessoas a bordo. Caracas, por sua vez, rejeita que os tripulantes façam parte de organizações terroristas, como acusa a Casa Branca.
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Pressão no Caribe
Os incidentes geraram alarme entre alguns juristas e legisladores democratas, que denunciaram os casos como violações do direito internacional. Em contrapartida, Trump argumentou que os EUA já estão envolvidos em uma guerra com grupos narcoterroristas da Venezuela, o que torna os ataques legítimos. Autoridades do governo afirmaram ainda que disparos letais são necessários porque ações tradicionais para prender os tripulantes e apreender as cargas ilícitas falharam em conter o fluxo de narcóticos em direção ao país.
Em paralelo, os Estados Unidos também aumentaram a presença militar no Caribe, despachando para a região destróieres com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6.500 soldados, enquanto Trump intensifica o jogo de quem pisca primeiro com o governo venezuelano. Na quarta-feira, o presidente americano revelou que havia autorizado a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações em Caracas de que Washington quer derrubar Maduro.
Em paralelo, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos confirmou nesta quinta-feira, 16, que o almirante responsável pelo Comando Sul das Forças Armadas americanas deixará o cargo no final deste ano. Com 37 anos de carreira, Alvin Holsey assumiu o Comando Sul no final do ano passado, para um mandato que normalmente dura três anos. Fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters indicam que houve atrito recente entre Holsey e o secretário de Defesa, Pete Hegseth, especialmente sobre a estratégia militar americana na Venezuela.