Na onda fitness das redes sociais, um tipo de alimento tem se propagado como saudável, pobre em gordura e com mais proteína do que o ovo. Nada convencional e barata, a moela, tipo de miúdo da galinha, tem sido apresentada como aliada da dieta de quem quer emagrecer e ganhar massa muscular, figurando em posts que destacam benefícios e ensinam o modo de preparo para quem está mais acostumado ao filé de frango. Para entender o boom da moela, VEJA ouviu a nutricionista Lara Natacci, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), que apresentou os pontos positivos dessa proteína, mas trouxe um alerta sobre o modo de preparo e o consumo em excesso.
Antes que a moela seja tratada como um “superalimento” e “opção mais saudável”, Lara já deixa claro que esses conceitos não devem ser adotados quando se fala em alimentação equilibrada, pois a dieta não pode ser focada em apenas uma fonte de nutrientes, mas em um cardápio colorido, rico não só em proteínas magras, mas em cereais, frutas, verduras e legumes.
Nesse conceito, a moela pode entrar como mais uma alternativa para variar os pratos. “Ela começou a ganhar destaque nas redes sociais, porque é uma carne relativamente magra e barata. E tem um teor de proteína que é mais alto, que acaba chamando atenção de quem está querendo emagrecer e ganhar massa magra”, explica a nutricionista.
A comparação mais comum é com o ovo, no entanto, Lara destaca que o tipo de miúdo não deve entrar como um substituto. “Quando a gente pensa em 100 gramas da moela cozida, tem quase 30 gramas de proteína e pouca gordura. É o dobro de proteína do ovo, mas continua sendo uma alternativa. O ovo também tem um bom custo-benefício e é importante que a gente varie a alimentação para termos alternativas.”
Nutrientes e cuidados com o preparo
Segundo a nutricionista, a moela é rica em ferro, zinco, selênio, vitaminas do complexo B, nutrientes que contribuem para uma alimentação equilibrada, mas é preciso ter cuidado com excessos.
“É importante se lembrar que é um miúdo e tem uma quantidade boa de colesterol. Pessoas com histórico de dislipidemia (colesterol alto) têm de pensar em moderação. O excesso e a forma de preparo, como fritar em óleo, são problemas.”
E como a moela deve ser preparada? As receitas em alta são as mais tradicionais, com jeito de comida de vó, com os com temperos variados.
“Os miúdos, como moela, coração e fígado, podem ser incluídos na dieta, mas sempre em quantidades moderadas e sempre bem cozidos, porque são tecidos suscetíveis a contaminações.”
Para quem nunca experimentou, a textura pode intrigar um pouco, algo entre o borrachudo e o macio, mas nada que incomode o paladar. O prato já tinha sido resgatado por botecos — São Paulo tem até o Moela, bar com o nome da iguaria — e pode ser uma opção para ir além do modismo e conhecer novos sabores.