A forma como as elites brasileiras pensam, agem e tomam as suas decisões virou um dos assuntos favoritos do momento. Dois livros que tratam do tema foram lançados no espaço de menos de um mês. O livro Coisa de rico: A vida dos endinheirados brasileiros (Editora Todavia) traz 15 anos de pesquisa intensiva do antropólogo Michel Alcoforado sobre o comportamento das elites no país. Para além de histórias engraçadíssimas sobre o apego do brasileiro à demonstração de opulência, ele contém um sem número de exemplos de como se faz, no país, para marcar a distinção da riqueza e pertencimento às elites. A obra rapidamente se esgotou nas livrarias, pois todo mundo parece querer saber como faz para ser rico ou, ao menos, quer se comportar como tal.
O outro livro, Como pesquisar elites no Brasil (Editora FGV), organizado por Débora Thomé, Matias López e Graziella Moraes Silva, já traça outros caminhos para estudar o mesmo grupo. A obra conta com a colaboração de diversas autoras e autores para discutir como se dá o trabalho de pesquisa com este grupo, o qual incluiu políticos, altos burocratas e CEOs das maiores empresas no Brasil. Mais que saber como se comportam, a pergunta da pesquisa realizada estava relacionada a entender como eles tomam as suas decisões.
Entre os vários artigos, fica evidente como, muitas vezes, mesmo pertencendo às altas esferas, os entrevistados não se enxergam como pessoas pertencentes à elite. Além disso, alguns deles se incomodam com o fato de, eventualmente, não terem conhecimento suficiente para responder algumas perguntas. Políticos, sobretudo, calculam bastante a forma como vão responder porque, sobretudo, estão preocupados com a forma como vão ser vistos pelo seu eleitorado. Outro ponto interessante que o livro aborda: nos últimos anos, mudando o que era mais comum no Brasil, muitas pessoas das elites passaram a se identificar como de direita ou de centro-direita.
