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Como o retorno de Maria Grazia Chiuri à Fendi marca também a volta da força feminina à moda?

Num cenário em que, após uma intensa dança das cadeiras, as grandes maisons parecem ecoar vozes masculinas, a Fendi anunciou Maria Grazia Chiuri como sua nova diretora criativa nesta terça-feira, 14. Trata-se, na real, de um retorno da estilista à grife italiana, mas que soa como um respiro de história – e até de destino.

Isso porque, entre tantos homens que assumiram o comando das grifes mais prestigiadas – inclusive Jonathan Anderson, que entrou no lugar dela na Dior – tanto Maria Grazia, agora na Fendi quanto Louise Trotter, à frente da Bottega Veneta, reafirmam que a moda feminina também precisa de mulheres.

O retorno de Chiuri, aliás, é quase poético: após quase uma década à frente da Dior, onde foi a primeira mulher a ocupar o cargo de diretora criativa das coleções femininas, ela volta para casa, onde começou sua carreira no fim dos anos 1980 e aprendeu o ofício da criação sob a tutela das cinco irmãs Fendi, que ergueram o nome da marca e transformaram o couro romano em sinônimo de luxo e vanguarda.

Na Dior, quando assumiu em 2016, marcou uma virada de tom na moda, fazendo do feminismo uma filosofia estética. “É impossível que algo que diga respeito ao corpo não seja político”, costumava dizer, e foi exatamente isso que levou para os desfiles da maison francesa: de camisetas com slogans feministas às parcerias com artistas mulheres e artesãs do mundo inteiro.

Agora, ao anunciar sua nova fase, Chiuri disse ao Business of Fashion que volta à Fendi “com honra e alegria”. É uma volta que carrega não só uma carga de nostalgia, mas a consagração de uma trajetória que sempre foi guiada por mulheres fortes. Em comunicado oficial, ela também destacou que “a Fendi sempre foi um celeiro de talentos e um ponto de partida para muitos criativos, graças à capacidade extraordinária dessas cinco mulheres (as irmãs Fendi) em nutrir gerações de visão e habilidade”.

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O retorno de Chiuri coincide com a despedida de Silvia Venturini Fendi, que passa a ocupar um papel honorário após décadas no comando criativo. Segundo o CEO da marca, Ramon Ros, a chegada da italiana representa “um reencontro entre herança e inovação”, e deve conduzir a maison a uma nova era, unindo savoir-faire artesanal e discurso contemporâneo.

Seu primeiro desfile está marcado para a temporada outono/inverno 2026, em Milão — e o mercado já aguarda com expectativa o equilíbrio entre sua assinatura intelectual e o DNA sofisticado e urbano da Fendi, já que ela gosta de desenhar narrativas sobre o corpo, o poder, e a memória. Cada costura é um manifesto, cada bordado, um gesto de continuidade. Sua visão de moda é a de quem compreende que o luxo não está apenas no material, mas no discurso, na herança emocional e cultural. “A moda é um idioma, e é meu dever usar essa linguagem para falar do mundo em que vivo”, disse. É como fechar um círculo perfeito. E costurar passado, presente e futuro com a mesma linha firme e indomável de Chiuri.

 

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