Um ataque aéreo russo a Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, deixou ao menos sete feridos e atingiu o principal hospital da região, onde 50 pacientes tiveram de ser retirados às pressas, informaram autoridades ucranianas nesta terça-feira, 14. A operação mirou instalações de energia, segundo o presidente Volodymyr Zelensky, que não deu detalhes sobre quais locais foram atingidos. A ofensiva ocorre enquanto Zelensky tenta convencer o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a oferecer mísseis Tomahawk ao país.
“Todos os dias, todas as noites, a Rússia ataca usinas de energia, linhas de transmissão de energia e nossas instalações de gás (natural)”, disse o líder ucraniano no Telegram.
“Contamos com as ações dos EUA e da Europa, do G7, de todos os parceiros que possuem esses sistemas e podem fornecê-los para proteger nosso povo”, continuou ele. “O mundo precisa forçar Moscou a se sentar à mesa para negociações reais.”
A ajuda militar estrangeira a Kiev despencou 43% em julho e agosto em comparação ao primeiro semestre do ano, mostrou um relatório do Instituto Kiel da Alemanha, que monitora o apoio à Ucrânia, nesta terça. No período anterior, o apoio militar excedeu o que foi enviado entre 2022 e 2024, mesmo sem contribuição americana.
A queda foi registrada após criação de um fundo que reúne contribuições de membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental, para a compra de armas e equipamentos militares para as tropas ucranianas, mas que não conta com o apoio dos Estados Unidos. O acordo é conhecido como Lista de Requisitos Priorizados para a Ucrânia (PURL, na sigla em inglês).
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Negociações com Trump
Zelensky deve se encontrar com Trump em Washington na próxima sexta-feira, 17. A reunião deve se concentrar em negociações para o fornecimento de armas sofisticadas de longo alcance à Ucrânia pelo governo Trump. Em declarações anteriores, o republicano havia descartado a possibilidade de envio dos mísseis de cruzeiro Tomahawk. Ele, no entanto, deu indícios recentes de que poderia mudar de ideia após relatar insatisfação com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em meio à falta de avanço das tratativas para o fim da guerra.
Com ogivas mais pesadas e difíceis de interceptar, esses mísseis se tornariam os de maior alcance do arsenal de Kiev e permitiriam que ataques a alvos no interior da Rússia, incluindo Moscou, com maior precisão. No início deste mês, a agência de notícias Reuters e o jornal americano The Washington Post informaram, com base em autoridades americanas, que os EUA passarão a oferecer informações de inteligência sobre alvos energéticos na Rússia à Ucrânia.
No final de setembro, Trump já havia indicado um fortalecimento dos laços com o governo de Zelensky. Na contramão de falas anteriores, ele afirmou que a Ucrânia poderia “recuperar todo o território em sua forma original”. Até então, o chefe da Casa Branca havia apoiado um plano que previa a cessão à Rússia das regiões orientais de Donetsk e Lugansk, em troca de um congelamento da frente nas regiões do sul, Kherson e Zaporizhzhia.