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Em ritmo de aventura: cicloturismo ganha espaço no Brasil, apesar dos obstáculos

De mãos dadas com os humores de hoje, de zelo pelo ambiente e permanente cuidado com as mudanças climáticas, há uma modalidade de viagem que não para de crescer: o cicloturismo. Some-se a esse cardápio de preocupações uma evidência — é bom exercício, faz bem para a saúde. Em 2024, o mercado global da atividade sobre duas rodas foi estimado em 139,54 bilhões de dólares, com projeção de 339,54 bilhões dentro de uma década. É expansão animadora, óleo para uma engrenagem pronta para atrair várias pontas: os fabricantes, sem dúvida, especialmente os de modelos elétricos, que crescem e aparecem — na Alemanha, por exemplo, já representam 32% do total de vendas —, além de agências e da rede hoteleira.

ESTÍMULO - Circuito das Araucárias, em Santa Catarina: adversidades naturais
ESTÍMULO - Circuito das Araucárias, em Santa Catarina: adversidades naturais@circuitodasaraucariasoficial/Instagram

Na Europa, virou febre, responsável pela metade do faturamento do negócio. No Japão, idem, com hospedagens elegantes adaptadas para receber as bikes até mesmo dentro dos quartos. No Brasil, sem estatística confiável, o cenário ainda é modesto, mas de evidente janela de crescimento. Em 2022, o Ministério do Turismo criou um grupo técnico para o desenvolvimento e a melhora da infraestrutura das rotas. Há, agora, um mapa de constante atualização, com ao menos dezenove trilhas bem sinalizadas. É pouco ainda, mas brota otimismo.

EXCLUSIVIDADE - Hotel no Japão: um espacinho especial para elas também
EXCLUSIVIDADE - Hotel no Japão: um espacinho especial para elas também./Divulgação

Um dos lugares mais procurados para os passeios de bicicleta é o Vale Europeu, em Santa Catarina, a primeira rota oficial do país, inaugurada em 2006. Há outras opções, como o também catarinense Circuito das Araucárias e a Rota do Vulcão, em Minas Gerais. A diversidade do território brasileiro é um diferencial no roteiro de quem pratica a modalidade e tem a oportunidade de explorar regiões de diferentes paisagens e variados interesses. A travessia denominada Caminho da Fé, que vai de Tambaú até Aparecida do Norte, em São Paulo, recebeu em 2024 31% a mais de aventureiros em relação ao ano anterior. “A pessoa faz o trajeto para pagar uma promessa ou como desafio pessoal”, diz Denis Gomes, dono da especializada MTB Cicloturismo.

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O crescimento, contudo, exige cuidado. Os problemas na infraestrutura do Brasil para receber os cicloturistas saltam aos olhos. “Demorei para achar hospedagem para mim e para a equipe que me acompanhava na Rota Bahia–Minas”, disse Gomes. Dito de outro modo: há uma janela de oportunidade, em movimento que os países da Europa rapidamente intuíram. Trata-se de uma modalidade de excursão rica, por unir dois polos: o de quem sonha com paisagens de tirar o fôlego, como as dos Alpes, e o dos valentes em busca de desafios pessoais, em caminhos de difícil acesso, escaladas e desfiladeiros — além, é claro e infelizmente, da buraqueira de trechos brasileiros abandonados. Programe-se, porque sair por aí pedalando é agradável, mais barato e inesquecível, apesar das dificuldades. Vale então sublinhar uma frase de Albert Einstein: “Viver é como andar de bicicleta. É preciso estar em constante movimento para manter o equilíbrio”. Fica a dica.

Publicado em VEJA de 13 de junho de 2025, edição nº 2948

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