O modelo envolvido no acidente, o 787-8 Dreamliner, é uma das aeronaves comerciais mais modernas em operação e, até então, considerada uma vitrine de inovação da fabricante americana. Em nota sucinta, a Boeing afirmou estar “ciente das notícias iniciais” e que colabora com as autoridades para obter mais informações.
O acidente chega em um momento crítico para a companhia, que ainda tenta se recuperar de uma série de escândalos e falhas que mancharam sua reputação nos últimos anos. Em especial, a sucessão de problemas com o 737 Max, modelo envolvido em dois acidentes fatais entre 2018 e 2019 que deixaram 346 mortos, custou à empresa mais de US$ 20 bilhões em multas, indenizações e perda de mercado.
Mais recentemente, a explosão da tampa de uma porta de um 737 Max logo após a decolagem, em janeiro de 2024, voltou a acender alertas sobre a cultura de segurança da empresa. Na esteira do incidente, surgiram mais de uma dúzia de denúncias internas de que peças fora de especificação estariam sendo usadas na produção.
A frustração de clientes e investidores culminou na substituição do CEO em julho do ano passado, quando Dave Calhoun deixou o cargo e foi sucedido interinamente por Stephanie Pope, então diretora de operações. A mudança ocorreu após a empresa registrar um prejuízo operacional de US$ 11,8 bilhões em 2024, um valor cinco vezes maior do que o prejuízo de US$ 2,2 bilhões em 2023, em meio ao aumento da fiscalização sobre segurança e qualidade, que impediu a fabricante de acelerar a produção e retomar a lucratividade.
A situação da Boeing também é agravada por pressões externas. Em abril, o governo da China determinou a suspensão das entregas de jatos da fabricante americana como resposta às tarifas impostas por Donald Trump contra produtos chineses.