Vencedora do Nobel da Paz, a líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, foi indicada ao prêmio por Marco Rubio, então senador pela Flórida que viria a se tornar secretário de Estado dos EUA do governo de Donald Trump, que desejava arrematar a láurea. A nomeação em favor de María Corina foi realizada em agosto de 2024 através de uma carta enviada ao Comitê Norueguês do Nobel. O documento também foi assinado por mais um senador e por seis deputados, todos republicanos.
No texto, o grupo afirma que a “resistência pacífica de María Corina Machado aos tiranos e sua capacidade de organizar e liderar um movimento não violento pela democracia e pelos direitos humanos são exemplares” e elogia “sua bússola moral inabalável e seu compromisso com a paz democrática para seu país e a região são um exemplo para o mundo”.
“Ela e o movimento que criou representam um forte contraste com a ditadura de Maduro e seus apoiadores ao redor do mundo, que o ajudaram a subjugar, oprimir e empobrecer o povo da Venezuela”, continua a carta. “Esperamos que o Comitê Nobel reconheça as contribuições notáveis de María Corina Machado e lhe conceda a distinção que ela tanto merece.”
Após a derrota de Trump, a Casa Branca lançou críticas ao comitê do Nobel pela escolha de María Corina, reconhecida pela sua luta pela democracia e resistência à ditadura de Nicolás Maduro. Ao longo do último ano, o republicano fez forte lobby para receber a honraria devido aos seus esforços para “encerrar guerras”.
“O presidente Trump continuará fazendo acordos de paz, encerrando guerras e salvando vidas. Ele tem o coração de um humanitário, e nunca haverá ninguém como ele, capaz de mover montanhas com a força de sua vontade”, escreveu o porta-voz da Casa Branca, Steven Cheung, em uma publicação no X. “O Comitê do Nobel provou que coloca a política acima da paz.”
Laureada, María Corina disse que “este reconhecimento da luta de todos os venezuelanos é um impulso para concluir nossa tarefa: conquistar a Liberdade”. Ela frisou que o país está “no limiar da vitória” e conta “mais do que nunca” com “Trump, o povo dos Estados Unidos, os povos da América Latina e as nações democráticas do mundo como nossos principais aliados para alcançar a Liberdade e a democracia”, concluindo: “Dedico este prêmio ao povo sofrido da Venezuela e ao Presidente Trump por seu apoio decisivo à nossa causa!”
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Como funciona a premiação
A honraria é concedida a pessoas ou organizações que tenham “realizado o maior ou o melhor trabalho em prol da fraternidade entre as nações, pela abolição ou redução de exércitos permanentes e pela realização e promoção de congressos de paz”, como indicou o fundador do troféu, Alfred Nobel, no seu testamento em novembro de 1825.
Ao todo, 338 candidatos foram nomeados para a edição do Nobel da Paz de 2025. Deles, 244 são indivíduos e 94 são organizações, de acordo com o site da premiação. A indicação não pode ser feita em benefício próprio. Para que a recomendação fosse aceita, os candidatos deveriam ser sugeridos por uma das figuras abaixo:
- Membros de assembleias nacionais e governos nacionais (membros do gabinete/ministros) de estados soberanos, bem como atuais chefes de estado
- Membros do Tribunal Internacional de Justiça em Haia e do Tribunal Permanente de Arbitragem em Haia
- Membros do l’Institut de Droit International
- Membros do Conselho Internacional da Liga Internacional de Mulheres pela Paz e Liberdade
- Professores universitários, professores eméritos e professores associados de história, ciências sociais, direito, filosofia, teologia e religião; reitores e diretores universitários (ou seus equivalentes); diretores de institutos de pesquisa sobre paz e institutos de política externa
- Pessoas que receberam o Prêmio Nobel da Paz
- Membros do conselho de administração principal ou equivalente de organizações que receberam o Prêmio Nobel da Paz
- Membros atuais e antigos do Comitê Norueguês do Nobel
- Ex-assessores do Comitê Norueguês do Nobel
Com os nomes em mãos, o Comitê Norueguês do Nobel fica responsável por selecionar candidatos elegíveis e definir quais serão os laureados. O Comitê é composto por cinco membros nomeados pelo Parlamento da Noruega, o Storting.
