Em nove meses, o presidente Lula, candidato declarado à reeleição em 2026 — “se a saúde deixar” — já armou palanques em vinte estados e esteve em 52 cidades.
Trata-se de um ritmo de campanha eleitoral antecipada que garantiu ao petista um discurso a cada cinco dias, usando sempre o mesmo método: anúncios de gestão, falas exaltando candidatos aliados locais e a sua própria reeleição e, claro, ataques aos adversários, muitos ataques.
Além de usar a máquina presidencial para bancar esses comícios disfarçados de agendas de governo, Lula não economizou nas aparições na TV.
Somente neste ano, Lula usou a máquina do Planalto para fazer quatro pronunciamentos em rende nacional, com foco em medidas de apelo eleitoral e críticas a adversários.
Em fevereiro, apareceu fazendo propaganda de programas de distribuição de renda a estudantes e de remédios grátis.
Em abril, usou o recurso para falar do Dia do Trabalhador.
Em julho, falou sobre o tarifaço dos Estados Unidos e surfou a onda provocada por Eduardo Bolsonaro, que cavou sanções do governo de Donald Trump contra o Brasil.
Em setembro, foi de novo para a TV discursar sobre o feriado da independência.
Nas viagens pelo país, o petista priorizou os maiores redutos eleitorais. Esteve em nove municípios em Minas Gerais, onde ele quer a todo custo lançar Rodrigo Pacheco, figura presente nos palanques do petista em quase todas as ocasiões.
Lula foi a oito cidades no Rio de Janeiro, estado que, como Minas, é comandado por aliados de Bolsonaro.
O petista também foi a sete cidades de São Paulo, incluindo várias viagens para a capital. A lista dos estados mais visitados tem ainda Bahia, com cinco cidades.
Houve ainda movimentos de claro marketing eleitoral, como a constrangedora reunião ministerial dos bonés azuis, com fotos de todos os ministros, e vídeos de “IA” sobre o “nós contra eles” nas redes.
Além do silêncio da Justiça Eleitoral, Lula aproveita a leniência da oposição bolsonarista e dos partidos de direita, que não questionam o uso da máquina pelo petista porque também recorrem a esse modelo nos estados.