Em delação premiada, o ex-diretor estatutário da Americanas, Márcio Cruz Meirelles, detalhou a “cadeia de comando” da fraude na Americanas, que gerou um rombo de pelo menos 23 bilhões de reais nas contas da varejista.
No documento, Meirelles admite que a “palavra final” era de Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, mas que a fraude era desenhada entre os executivos mais próximos. “Quando não estava de acordo com o que Miguel achava, a gente acabava mudando para ajustar para o que ele achava”, confessa Meirelles. “Era a última palavra ali na nossa estrutura”.
Ex-presidente do Conselho de Administração do grupo B2W, Anna Saicalli tinha “influência” no esquema, segundo a delação. “A Anna foi CEO da B2W, então ela era chefe do [José] Timótheo [de Barros] e era minha chefe. Depois eu fui CEO da B2W, mas ela era presidente do conselho, então ela continuava tendo uma ascendência pela senioridade”, diz. “Ela não tomava decisões sem alinhar com o Miguel. Ela alinhava tudo com o Miguel”.
Segundo Meirelles, os “ajustes” nas contas eram feitos pelo ex-diretores Marcelo Nunes, José Timótheo de Barros e Anna Saicalli, que “tinham visibilidade total sobre a fraude”. Os dois últimos eram responsáveis pelo fechamento dos números que seriam apresentados a Gutierrez.