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Sem trégua, Israel intensifica ataques contra Gaza na marca de dois anos da guerra

Uma onda de ataques atingiu a Faixa de Gaza nesta terça-feira, 7, quando a guerra entre Israel e Hamas completa dois anos. A ofensiva por ar, mar e terra relatada por moradores de Khan Younis e da Cidade de Gaza, maior conglomerado urbano do enclave, ocorre em meio a negociações entre representantes do grupo palestino radical e do governo israelense no Egito, mediador do conflito, sobre o plano de paz do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Sem trégua, os militantes também lançaram mísseis através da fronteira nesta manhã, o que levou ao acionamento de sirenes no kibutz Netiv Haaasara. Para marcar o aniversário da guerra, um grupo de facções palestinas — que inclui o Hamas, a Jihad Islâmica e outras milícias menores — disse que “a escolha da resistência por todos os meios é a única e exclusiva maneira de confrontar o inimigo sionista”.

“Ninguém tem o direito de ceder as armas do povo palestino. Esta arma legítima… será passada de geração em geração aos palestinos até que suas terras e locais sagrados sejam libertados”, advertiu o comunicado, assinada pelas “Facções da Resistência Palestina”.

Em Israel, familiares e manifestantes se reuniram nos principais pontos atacados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, como o local do festival de música Supernova, ao sul, onde 364 pessoas foram baleadas, espancadas ou mortas. Israelenses também foram à chamada Praça dos Reféns, em Tel Aviv. Acredita-se que apenas 20 dos 48 sequestrados ainda estejam vivos. A proposta de Trump prevê o retorno de todos os reféns, vivos e mortos.

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Negociações em curso

Outro mediador da guerra, o Catar afirmou que os detalhes da proposta ainda precisam ser resolvidos. Em coletiva, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al-Ansari, explicou que “o plano consiste em 20 pontos, e todos esses pontos exigem interpretações práticas no local”. Uma fonte do Hamas, sob condição de anonimato, disse à agência de notícias Reuters que o grupo solicitou um cronograma para a retirada das forças israelense e garantias de que a guerra realmente terminará.

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Uma autoridade envolvida no planejamento do cessar-fogo e uma fonte palestina também afirmaram à Reuters que o prazo de 72 horas de Trump para o retorno dos reféns pode ser inatingível para os reféns mortos, já que os restos mortais precisam ser localizados e recuperados ao redor do enclave. Na semana passada, o grupo palestino se disse pronto para libertar todos os reféns israelenses, mas não deu chancela total a todos os 20 pontos do roteiro delineado pelo ocupante da Casa Branca.

O documento elaborado pelos EUA estabelece que Gaza deverá ser uma zona “desradicalizada”, ou seja, sem grupos radicais. Sob o documento, o enclave passará por reconstrução com apoio de um comitê composto por palestinos qualificados e especialistas internacionais. A supervisão será feita por um novo órgão internacional de transição, o “Conselho da Paz”, que será presidido por Trump, com outros membros e chefes de Estado a serem anunciados, incluindo o ex-primeiro-ministro Tony Blair.

Além disso, a plano determina que as “forças israelenses se retirarão para a linha acordada para se preparar para a libertação dos reféns” assim que ambos os lados concordarem com a implementação, ao passo que o Hamas terá até 72 horas para entregar todos os reféns, acrescentando: “Durante esse período, todas as operações militares, incluindo bombardeios aéreos e de artilharia, serão suspensas, e as linhas de batalha permanecerão congeladas até que sejam reunidas as condições para a retirada completa e gradual”.

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Guerra em números

Mais de 67 mil palestinos foram mortos — entre eles, 453 por fome, incluindo 150 crianças — e 169.600 ficaram feridos, mostram dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. Isso significa que pelo menos 10% da população de Gaza, estimada em 2,2 milhões antes do confronto, foi morta ou ferida em 24 meses de guerra.

O governo israelense nega os números e alega que a contagem não difere entre civis e membros do grupo radical, mas organizações humanitárias e um ex-general das Forças de Defesa de Israel, Herzi Halevi, concordam com a estimativa e alertam que pode se tratar de uma subnotificação, já que há palestinos soterrados em escombros de casas e prédios devastados pelos ataques. O Centro de Satélites da ONU afirma que pelo menos 102.067 prédios foram destruídos. No momento, Israel controla 75% do território.

O rastro de escombros é 12 vezes maior do que a Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. De cada 10 edifícios que antes existiam em Gaza, oito foram danificados ou arrasados. Encurralada, restou à população de Gaza tentar fugir dos bombardeios. Mais de 1,9 milhão de pessoas, ou 90% do enclave, foram deslocadas, de acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). Em Israel, em comparação, cerca de 100.000 pessoas tiveram de deixar suas casas.

Em meio à escalada da violência, 22 dos 36 hospitais de Gaza fecharam as portas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Trata-se de um somatório de problemas: ataques israelenses aos prontos-socorros sob acusações de que o Hamas usava os prédios como esconderijos, uma alegação rejeitada pelos militantes; sobrecarga da equipe médica e colapso do sistema de saúde do território, reflexo do elevado número de feridos; e falta de equipamentos, medicamentos e combustível, consequência do bloqueio parcial de Israel à entrada de ajuda humanitária. Os 14 hospitais restantes funcionam de forma limitada.

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