O café foi tema da conversa telefônica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta segunda-feira, 6, segundo reportagem da BBC News Brasil. Trump reconheceu que os Estados Unidos estão “sentindo falta” de produtos brasileiros após a tarifa de 50% imposta por Washington sobre as exportações do Brasil, citando, em especial, o café.
Lula aposta no diálogo como via para reconquistar terreno no comércio bilateral, ao passo que Trump tenta conter o efeito político de ter encarecido justamente o produto mais popular da América: o café.
O preço do café ao consumidor americano subiu 3,6% em agosto, primeiro mês de vigência da tarifa, de acordo com o Escritório de Estatísticas do Trabalho. Foi a maior alta mensal em 14 anos. Com o Brasil responsável por cerca de 35% das importações americanas, o aumento de preços se espalhou rapidamente por cafeterias e supermercados.
O impacto é sensível porque o café é o produto importado mais consumido nos EUA, e o país não o produz em escala comercial por limitações climáticas. A planta precisa de temperaturas tropicais e altitudes elevadas, condições encontradas no Brasil, Colômbia e Vietnã, mas ausentes em solo americano.
Dados da Associação Nacional de Café dos EUA mostram que dois terços dos adultos americanos bebem café todos os dias, em média três xícaras por pessoa.
Do lado brasileiro, a tarifa também provocou perdas. Informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) indicam que as exportações totais para os EUA caíram 20,3% em setembro, em relação ao mesmo mês de 2024, somando US$ 2,58 bilhões, e o café foi um dos principais produtos afetados.
Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que a conversa entre Lula e Trump teve “tom amistoso e produtivo” e durou cerca de 30 minutos. Os dois líderes concordaram em se encontrar “em breve”. Na rede Truth Social, Trump disse ter tido “uma ótima conversa” e afirmou que os países “se darão muito bem juntos”.