Enquanto a comunidade científica celebra os novos laureados do Prêmio Nobel de Medicina, um deles simplesmente… desapareceu. Fred Ramsdell, imunologista americano e um dos três ganhadores da honraria de 2025, está “vivendo sua melhor vida”, segundo colegas de laboratório em São Francisco. O pesquisador teria se desconectado de tudo — inclusive de ligações e e-mails — para uma caminhada em meio à natureza, em um retiro de “detox digital”, de acordo com informações do The Guardian.
A ausência inusitada deixou o comitê do Nobel sem conseguir dar a notícia de sua conquista. “Pedi a eles que, se tivessem oportunidade, me ligassem de volta”, brincou Thomas Perlmann, secretário-geral do comitê, durante a coletiva que anunciou os vencedores.
Ramsdell divide o prêmio com Mary Brunkow, de Seattle, e Shimon Sakaguchi, da Universidade de Osaka, no Japão, por descobertas que revolucionaram a compreensão do sistema imunológico. O trio foi reconhecido por identificar as chamadas células T reguladoras (Tregs), uma espécie de “guarda de segurança” do corpo humano, responsáveis por evitar que o sistema imunológico ataque os próprios tecidos, fenômeno ligado às doenças autoimunes.
Sakaguchi fez a primeira descoberta em 1995, ao identificar esse novo tipo de célula. Mary Brunkow e Fred Ramsdell complementaram a descoberta ao identificar o gene FoxP3, essencial para o desenvolvimento e funcionamento das Tregs. Mutação nesse gene em humanos está ligada a doenças autoimunes raras, como a síndrome IPEX.
Enquanto os colegas já celebram o reconhecimento, Ramsdell permanece inalcançável. “Ele merece todos os créditos, mas nem eu consigo contato”, contou Jeffrey Bluestone, amigo e cofundador de seu laboratório. “Agora, estou tentando encontrá-lo pessoalmente. Acho que ele pode estar mochilando pelo interior de Idaho”, disse Bluestone à AFP.
A premiação
O Prêmio Nobel de Medicina se pauta pela condecoração de uma grande descoberta ou mudança de paradigma nas ciências da saúde – seja por aprimorar o conhecimento sobre o corpo humano, seja por melhorar a abordagem de uma doença ou grupo de doenças. Trabalhos sobre genes, hormônios, sistemas orgânicos e agentes infecciosos já foram contemplados em mais de um século de distinção.
Esta é a 116ª edição da premiação, que, em 2024, reverenciou o trabalho dos americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun na descoberta dos microRNAs, pequenas moléculas com importante participação na regulação dos genes e de processos que regem a vida.