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Socialista usa Dior: gastos da prefeita de Paris são retrato da hipocrisia

O último governo francês durou exatamente catorze horas, em outro vexame constrangedor para o presidente Emmanuel Macron, mas seus integrantes receberão pagamentos garantidos para o resto da vida – uma das mordomias criadas pelos políticos para eles mesmos. Esta, especificamente, deixará de valer a partir do ano que vem. Mas a sensação do público de que está sendo esfolado vivo não vai embora, principalmente diante de revelações como a envolvendo os gastos da prefeita socialista de Paris, Anne Hidalgo, debitados na verba de representação.

Teoricamente, não é ilegal. Do ponto de vista ético (ou deontológico, como dizem os franceses) é um desastre. A madame prefeita é de esquerda, mas está aproveitando bastante as delícias do capitalismo avançado que existe na França, apesar do vício em taxar e engessar atividades empresariais.

Sem falar na hipocrisia, que não deveria mais causar espanto, mas causa sim. Como uma mulher de esquerda, do tipo que chamou Lula da Silva de “lenda viva”, pode gastar 12 mil euros com dois vestidos e uma blusa Dior, uma capa Burberry e outros produtos de luxo, além de 858 euros em tratamentos de beleza quando esteve em Tóquio para as Paralimpíadas?

É simplesmente repugnante – e se soma a um péssimo governo, visto nas ruas sujas e cheias de rato que empanam o brilho eterno de Paris. Sem contar que dobrou a dívida da cidade desde que assumiu o primeiro mandato, em 2014.

LABIRINTO DE FRACASSOS

A falta de honradez não é, evidentemente, exclusividade da esquerda. Na verdade, está enroscando a próxima eleição presidencial, na qual Marine Le Pen não pode ser candidata por ter se tornado inelegível, além de condenada por usar verbas de seu gabinete como deputada no Parlamento Europeu para pagar funcionários do partido. A justiça foi desproporcionalmente dura com ela? Sem dúvida nenhuma. Seu comportamento é inatacável? De jeito nenhum.

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A falta de compostura, sem falar nos casos que entram pelo terreno criminal, é uma praga da política francesa, com senhores acima de qualquer suspeita nomeando as esposas para cargos fantasma ou até recebendo dinheiro de campanha de Moamar Kadafi, o que levou a uma condenação de cinco anos a Nicolas Sarkozy.

Os abusos fomentam a descrença nos políticos, uma situação agravada no momento pelos sucessivos governos que Macron não consegue emplacar, no sistema político misto da França, com um presidente e um primeiro-ministro.

O labirinto dos fracassos que se repetem foi criado pelo próprio Macron, um homem extraordinariamente inteligente capaz de fazer coisas excepcionalmente estúpidas, como convocar eleições que, segundo provavam todas as pesquisas, o levariam a perder a maioria na Assembleia Nacional.

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Desde então, os ciclos se repetem, com governos fugazes que não conseguem alcançar a maioria e precisam cair fora. Macron já está no quinto primeiro-ministro do segundo mandato e não tem nenhuma possibilidade de não continuar no seu “dia da marmota”. Ele tem no momento miseráveis 17% de aprovação, o que na prática o torna um presidente completamente disfuncional, sem possibilidade de efetivamente governar o país, seja quem for o infeliz que coloque como primeiro-ministro.

FALTA DE CLASSE

No mês passado, a França perdeu um dos As que tinha na nota das agências de avaliação de risco e seu problema fundamental, do ponto de vista macro, é a relação da dívida com o PIB, de insustentáveis 114%.

É triste ver um dos países mais formidáveis do mundo nessa situação constrangedora, com políticas – e políticos – em estado de falência. Sem falar em madame prefeita enfiando o pé na jaca das grifes de luxo.

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Anne Hidalgo (o sobrenome espanhol é falando à francesa, Hidalgô) deveria ter honrado os ideais esquerdistas de retidão e incorruptibilidade e cuidado com dedicação de uma joia como Paris, mas preferiu usar Dior enquanto os ratos tomavam conta. Sem nenhuma elegância, ela se vingou da divulgação de suas despesas com produtos de luxo divulgando os gastos dos subprefeitos. Falta de classe é falta de classe.

Sua potencial sucessora, a ministra da Cultura Rachida Dati, tecnicamente de direita, não está abrindo a boca – também tem um histórico de despesas excessivas, gosto por grifes de luxo e joias não declaradas, além de um processo por corrupção e tráfico de influência. Plus ça change…

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