Dos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem feito uma série de declarações sobre os rumos da política brasileira. Somente nos últimos dias, o Zero Três endossou uma campanha contra um projeto alternativo à anistia, chamou o ministro Alexandre de Moraes de “tiranete de beira de estrada” e voltou a dizer que se Jair Bolsonaro não for candidato à Presidência, ele assumirá a função.
As posições são recebidas com irritação pelos principais partidos de centro que, já dando Bolsonaro como fora do jogo em 2026, trabalham para fortalecer uma candidatura no campo da direita. Importantes caciques partidários ironizam uma campanha “virtual” que seria feita pelo deputado autoexilado e duvidam que ele, já indiciado pela Polícia Federal por coação da Justiça, conseguiria um registro de candidatura por meio de uma procuração.
“Uma coisa que tem que ficar bem clara é que se a família não aceitar o Tarcísio [de Freitas, governador de São Paulo], que é o candidato para ganhar a eleição, ninguém vai num projeto para perder só para manter o espólio de Bolsonaro”, afirma um bem posicionado político. Ele acrescenta que não vê, a curto prazo, um nome da família tornando-se viável. Em meio às sanções impostas pelos Estados Unidos – articuladas pessoalmente por Eduardo -, o presidente Lula se reergueu nas pesquisas e voltou a se colocar como candidato à reeleição.
Como mostra reportagem de VEJA desta edição, disputas internas e choques de interesse enfraquecem o projeto da oposição para 2026. Inelegível e condenado a 27 anos de prisão, Bolsonaro busca fazer um herdeiro político para que, em troca, consiga obter um indulto em 2027. Hoje, o nome preferencial dos partidos de centro é o do governador de São Paulo. No entanto, em meio aos petardos dos filhos do ex-presidente, Tarcísio se recolheu e passou a repetir que será candidato à reeleição, e não à Presidência.
Caciques partidários afirmam que a parceria com Bolsonaro tem um teto e que ninguém vai mergulhar num projeto político só por “vaidade”. Nesse cenário, se houver a insistência de uma candidatura de Eduardo, o que confirmaria Tarcísio fora do pleito, o Centrão ameaça pular do barco e abraçar de vez a campanha de Ratinho Júnior (PSD). De acordo com pesquisa Quaest divulgada neste mês, o governador do Paraná tem 32% das intenções de voto num eventual segundo turno com Lula, que marcou 44%.
Fugindo do fogo cruzado, Ratinho tem acelerado seus encontros com representantes da Faria Lima, articula a contratação de um marqueteiro para a campanha e defende o fim da polarização política. “Enquanto a velha política briga, a gente trabalha. O povo me paga para trabalhar, não para brigar”, escreveu o paranaense em uma rede social na última semana.