De perfil discreto mas com ampla interlocução no mundo político e no Judiciário, o senador e ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) intensificou nos últimos dois meses as articulações de bastidor para se apresentar como candidato viável a suceder ao ministro Luís Roberto Barroso caso ele decida antecipar sua aposentadoria no Supremo Tribunal Federal (STF). Pelas regras de aposentadoria compulsória, o magistrado só teria de deixar a Corte em 2033, ao completar 75 anos, mas ele anunciou que, ao sair da Presidência do tribunal, pensaria no futuro durante um retiro espiritual.
Os movimentos mais visíveis de Pacheco para cabalar potenciais apoios à vaga ocorreram em agosto. No primeiro deles, ele ofereceu um jantar ao ministro Alexandre de Moraes em sua casa. Desde que se notabilizou como relator de todos os processos que fustigam o ex-presidente Jair Bolsonaro e que, ao final levaram à condenação do ex-mandatário a mais de 27 anos de prisão, Moraes tem sido cortejado pelo Palácio do Planalto como um interlocutor a ser ouvido quando o assunto são os rumos da Corte.
Dias depois, na festa de aniversário da advogada Guiomar Mendes, esposa do decano do STF Gilmar Mendes, em Brasília, o nome do senador foi lançado publicamente pelo magistrado em rodas com os convivas. Influente membro do Centrão, o presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) também já conversou com o presidente Lula sobre a eventual indicação de Pacheco, relatou a VEJA um líder governista.
De acordo com um interlocutor da área jurídica do governo, embora Rodrigo Pacheco não seja um nome ligado a Lula – este posto está ocupado pelo Advogado-Geral da União (AGU) Jorge Messias – ele seria um candidato de fácil aceitação do Senado, Casa legislativa onde tramitam os processos de impeachment dos juízes do Supremo e importante foco de disputa entre governistas e bolsonaristas nas eleições de 2026.
Por enquanto, além da competitividade de Messias, trabalha contra a eventual escolha do senador o fato de Lula ter anunciado mais de uma vez que gostaria que ele concorresse ao governo de Minas Gerais, estado-chave na disputa presidencial do próximo ano, quando o petista pretende concorrer à reeleição.