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Giramundo celebra 55 anos de arte e encantamento no Palácio das Artes

 

 

Os 55 anos do Grupo Giramundo — um dos mais importantes e longevos coletivos de teatro de bonecos do paí— estão sendo comemorados em grande estilo no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, sua cidade de origem. A instituição, que também completa 55 anos em 2025, abriga de 11 de outubro de 2025 a 22 de fevereiro de 2026 a exposiçãBonecos Giramundo, principal atração da Ocupação Giramundo, uma celebração que reúne mostra, ações educativas e atividades especiais realizadas em parceria com a Fundação Clóvis Salgado.

A exposição apresenta mais de 600 bonecos, escolhidos entre um acervo de mais de 1.700 peças, e é a maior já organizada pelo grupo em toda a sua história. Espalhadas por diferentes salas, as obras narram a trajetória do Giramundo desde sua fundação, em 1970, pelos artistas Álvaro Apocalypse, Terezinha Veloso e Madu. A curadoria, assinada por Marcos Malafaia, um dos atuais diretores do grupo ao lado de Bia Apocalypse e Ulisses Tavares, faz um recorte que atravessa as diversas fases do Giramundo — dos espetáculos clássicos às criações mais recentes — e destaca a diversidade de técnicas e materiais que transformaram o grupo em referência mundial em teatro de bonecos.

O processo de seleção das mais de 600 peças foi bem difícil pra nós, conta Bia Apocalypse, diretora artística e filha dos fundadores Álvaro Apocalypse e Terezinha Veloso. Temos uma planilha de inventário com mais de 1.700 bonecos, mas nem todos estão completos. Tivemos inúmeras reuniões para fechar a quantidade, mas toda vez que tirávamos um boneco do museu e levávamos pra sala de restauração, dava vontade de colocar mais um, revela.

Bia explica que a equipe procurou representar todos os espetáculos do grupo, para que o visitante possa percorrer uma verdadeira linha do tempo do Giramundo. Priorizamos ter representados todos os espetáculos, para que o público possa ver bonecos de teatro, de programas de TV, de novelas, de vídeos, os novos e os antigos, diz. Pra mim, que sou filha dos fundadores, foi ainda mais emocional. Tinha boneco da minha infância e eu dizia: Ah, esse eu brinquei com ele, vamos levar também!’”.

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A exposição destaca a vocação experimental que sempre marcou o grupo. Desde os anos 1970, o Giramundo se consolidou como um espaço de pesquisa estética e técnica, explorando materiais, estilos e linguagens cênicas. O Giramundo sempre foi um grupo de pesquisa, e isso vem do meu pai, da minha mãe e da Madu, lembra Bia. O público vai ver uma enorme variedade de materiais, técnicas e estilos de pintura. Algumas peças desafiam até a classificação, porque a manipulação e a experimentação foram sempre muito livres.

Entre as seções da mostra, uma das mais curiosas é área educativa, que revela o processo de construção dos bonecos e os bastidores da oficina do grupo. Na seção educativa, apresentamos o que chamamos no Giramundo de baú de ossos’”, explica Bia. São partes de bonecos — pedaços grandes e pequenos — que mostram como eles são feitos por dentro. Às vezes era um boneco de espuma cuja estrutura se desfez, mas guardamos a armação, as mãos, os olhos… Mostramos as várias formas de se fazer uma mão, um pé, as articulações. É como se o boneco estivesse decupado, revelando seus segredos.

A curadoria também propõe um diálogo entre a produção histórica de Álvaro Apocalypse e a geração atual, conduzida por Bia. Temos a época do meu pai, da minha mãe e da Madu — de 1970 até 2001, quando ele dirigiu Os Orixás — e depois os trabalhos mais recentes, como OMenino Bach Visita o Brasil, que foi o último espetáculo e que eu desenhei os bonecos e dirigi, diz. Esse diálogo é muito natural, porque fomos aprendizes deles. Herdamos o método: antes de construir um boneco, desenhamos o projeto, pensamos no tipo de material e de manipulação. A exposição mostra bem essa transição de linguagens e gerações — uma conversa criativa entre o passado e o presente do Giramundo.

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Com mais de meio século de história, o Giramundo segue encantando o público e inspirando novas gerações de artistas e educadores. A Ocupação Giramundo reafirma essa força criativa e afetiva — uma arte feita de madeira, tecido, espuma e memória, mas, acima de tudo, de poesia.

A exposiçãBonecos Giramundo” tem entrada gratuita e pode ser visitada na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte), de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e aos domingos, das 17h às 21h. Como parte da programação, o espetáculo Alice no País das Maravilhas” será apresentado no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, no dia 12 de outubro de 2025, às 17h30, com ingressos entre R$20 e R$70, disponíveis na bilheteria do teatro e na plataforma Eventim.

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