Na madrugada de domingo 4, Lviv, região ocidental da Ucrânia e próxima à fronteira com a Polônia, foi atingida por um ataque aéreo russo em escala inédita desde o início da guerra. Ao menos cinco pessoas morreram, incluindo quatro membros de uma mesma família que tiveram seu prédio residencial completamente destruído, e dezenas ficaram desabrigadas. O ataque também deixou parte da cidade sem energia e provocou incêndios em um parque industrial, segundo autoridades locais.
O prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, alertou a população para permanecer em casa enquanto os serviços de emergência combatem os múltiplos focos de incêndio. Explosões foram ouvidas por toda a cidade, e as defesas antiaéreas ucranianas interceptaram ataques vindos de várias direções.
140 drones e 23 mísseis
O governador da região, Maksym Kozytskyi, descreveu a ofensiva como a maior já registrada em Lviv durante o conflito, envolvendo 140 drones e 23 mísseis. Na vila onde a família foi morta, equipes de resgate trabalharam entre os escombros, restando apenas a fundação do prédio. Dez outras casas nas proximidades ficaram danificadas, conforme relatos do funcionário local Volodymyr Hutnyk à Reuters.
A ofensiva atingiu também outras regiões da Ucrânia. Em Zaporizhzhia, um ataque combinado matou uma pessoa e deixou dez feridos, interrompendo o fornecimento de energia para mais de 73 mil consumidores. A infraestrutura civil foi danificada ainda em Ivano-Frankivsk, Vinnytsia, Chernihiv, Kherson, Kharkiv e Odesa, segundo a primeira-ministra Yulia Svyrydenko. O ministério de Energia da Ucrânia confirmou danos em instalações energéticas de Zaporizhzhia e Chernihiv, enquanto a estatal Naftogaz informou ter sofrido impactos em sua infraestrutura de gás.
“Mais um ato de terror contra civis”
Moscou, por sua vez, afirmou que os ataques atingiram tanto instalações militares quanto a infraestrutura energética ucraniana. Em resposta, Svyrydenko denunciou o episódio como “mais um ato deliberado de terror contra civis” e criticou o que chamou de estratégia russa de destruição.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, detalhou que mais de 50 mísseis e quase 500 drones foram lançados contra a Ucrânia. A Polônia, país vizinho e membro da OTAN, acionou sua aviação para proteger seu espaço aéreo, enquanto sistemas de radar e defesa em terra foram colocados em alerta máximo.
Nos últimos meses, o avanço de drones russos provocou interceptações em vários países europeus e até o fechamento temporário de aeroportos, como ocorreu em Vilnius, na Lituânia.
O ataque surpreendeu por atingir Lviv, uma região distante do front e considerada relativamente segura. A intensidade e a abrangência do ataque reforçam a escalada do conflito e a vulnerabilidade da infraestrutura civil e energética ucraniana diante de ofensivas russas cada vez mais ousadas.
