A conservadora Sanae Takaichi, de 64 anos, foi eleita neste sábado, 4, como nova líder do Partido Liberal Democrata (PLD) do Japão, abrindo caminho para que se torne a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do país.
A vitória, confirmada em segundo turno sobre o ministro da Agricultura Shinjiro Koizumi, de 44 anos, herdeiro de uma tradicional dinastia política do país. Se confirmada pelo Parlamento, sua eleição manterá o legado de sete décadas da sigla dominando a política de uma das maiores economias do mundo.
Conhecida por ser linha-dura, Takaichi é uma nacionalista conservadora próxima do falecido ex-primeiro-ministro Shinzo Abe e defensora da política econômica conhecida como Abenomics, baseada em gastos públicos robustos e juros baixos. Durante a campanha, prometeu investimentos em setores estratégicos para fortalecer a segurança econômica do Japão e criticou os recentes aumentos nas taxas de juros promovidos pelo Banco do Japão. Analistas apontam que sua vitória reduz a probabilidade de novos apertos monetários no curto prazo.
A nova líder do PLD apresentou uma plataforma voltada para o crescimento e a autossuficiência econômica, ao mesmo tempo em que defende revisar a Constituição pacifista do pós-guerra e ampliar a cooperação militar com Taiwan. Em declarações recentes, afirmou que pretende criar uma “quase-aliança de segurança” com a ilha, vista por Pequim como parte de seu território. O presidente taiwanês, Lai Ching-te, parabenizou Takaichi, descrevendo-a como “amiga firme de Taiwan”.
Ela também sugeriu revisar um acordo de investimento firmado com o ex-presidente americano Donald Trump, que reduziu tarifas em troca de aportes japoneses. Em mensagem publicada na rede X, o embaixador dos EUA em Tóquio, George Glass, felicitou a nova líder e disse esperar “fortalecer a parceria Japão-EUA em todas as frentes”.
Ao discursar após a vitória, Takaichi afirmou ter ouvido “vozes duras de todo o país dizendo que não sabem mais o que o PLD representa”. Segundo ela, esse sentimento de urgência a motivou a disputar novamente a liderança. “Quis transformar a ansiedade das pessoas sobre o presente e o futuro em esperança”, declarou. Prometendo dedicação total, encerrou o discurso com uma frase que simboliza sua ascensão histórica: “Abri mão do equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, e agora vou trabalhar, trabalhar, trabalhar”.
