O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta segunda-feira, 29, que manda um recado a Israel: a partir de agora, um bombardeio ao Catar representa um ataque aos EUA, que responderá à altura. A ordem foi divulgada no mesmo dia em que Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reuniram na Casa Branca, terminando no anúncio do plano de 20 pontos do republicano para o fim da guerra em Gaza, às vésperas de completar dois anos.
No início de setembro, Israel lançou mísseis contra Doha, capital catari, em uma operação que mirou membros do Hamas que estavam na cidade para negociar um possível cessar-fogo. Desde a eclosão do conflito em Gaza, o governo do Catar atua como mediador entre os dois lados. A operação israelense, que marcou o primeiro ataque já registrado contra o território soberano de um país do Golfo Pérsico, matou seis membros do grupo palestino radical.
Segundo o decreto, as forças americanas poderão reagir militarmente para “defender os interesses dos EUA e do Catar” em caso de ataque à nação árabe. Após os bombardeios a Doha, Trump salientou que a investida havia ocorrido sem interferência da Casa Branca, embora tenha ponderado que “este incidente infeliz poderia servir como oportunidade para a paz”. O ataque foi duramente criticado por autoridades do Catar.
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Um dia após o incidente, o primeiro-ministro catari, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim al-Thani, definiu o bombardeio como “terrorismo de Estado” e defendeu que Netanyahu “precisa ser levado à Justiça”. Ele também acusou Netanyahu de “desperdiçar” o tempo do Catar e que reavaliaria “tudo” sobre o papel do país como mediador da guerra entre Israel e Hamas.
Pouco depois, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, visitou Doha e advertiu que “os EUA considerarão qualquer ataque armado ao território, soberania e infraestrutura crítica do Estado do Catar como uma ameaça à paz e segurança dos Estados Unidos”. O Catar é considerado um dos mais importantes aliados de Washington fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), principal aliança militar ocidental. O país abriga a maior base militar americana no Oriente Médio, com pelo menos 10 mil soldados.