Um ataque a faca deixou dois mortos em uma sinagoga em Manchester, no norte da Inglaterra, nesta quinta-feira, 1°, dia do Yom Kippur, uma das datas mais sagradas para judeus. A identidade das vítimas não foi divulgada, mas a polícia local afirmou que ambas faziam parte da comunidade judaica. O agressor, cujo nome ainda não foi tornado público, também morreu após ser alvejado por agentes que respondiam ao atentado “terrorista”, como definiu Laurence Taylor, chefe da polícia antiterrorismo do Reino Unido.
O esfaqueamento teve início por volta das 9h30 (5h30 em Brasília), quando a polícia recebeu uma ligação de uma pessoa que disse ter testemunhado “um carro sendo dirigido em direção a membros do público, e um homem foi esfaqueado” do lado de fora da Heaton Park Shul, uma sinagoga em Crumpsall, onde judeus se reuniam para o Yom Kippur. Poucos minutos depois, às 9h37, a polícia da Grande Manchester declarou um incidente grave e deu início à Operação Plato, como são chamados “ataques terroristas de saque”.
Logo em seguida, os agentes atiraram no suspeito. Às 9h41 (5h41), paramédicos chegaram ao local e atenderam quatro pessoas por ferimentos de faca e pelo impacto causado pelo veículo do agressor. Mais tarde, uma equipe de desarmamento de bombas também atuou no local à procura de explosivos. Às 11h15 (7h15), foi anunciado que dois dos feridos morreram, assim como o suspeito.
A polícia informou, então, que as duas vítimas eram judias e um dos feridos trabalhava como segurança — ainda não se sabia se fazia de maneira profissional ou voluntária, como é comum na sinagoga ortodoxa, fundada em 1967 — do lado de fora do templo. Às 15h (11h), Taylor declarou que tratou-se deu um incidente “terrorista” e comunicou que duas prisões haviam sido efetuadas em relação a ele.
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Colete explosivo e preocupações de segurança
Mais tarde, o chefe de polícia do GMP, Stephen Watson, disse que o suspeito usava “um colete que parecia um dispositivo explosivo”. Uma foto do suposto agressor circulou nas redes sociais, mas ainda não há informações oficiais sobre ele. Autoridades britânicas afirmaram já ter conhecimento da identidade dele, mas alegaram que não poderiam confirmá-las ao público por “razões de segurança no local”.
Na Downing Street, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse ainda na quinta que “um indivíduo vil cometeu um ataque terrorista que atacou judeus porque eles são judeus e atacou a Grã-Bretanha por causa de nossos valores”, acrescentando que “muitas famílias judias vieram para este país como um lugar de refúgio, fugindo do maior mal já infligido a um povo, e a Grã-Bretanha as acolheu”, em referência ao Holocausto perpetrado pelo regime nazista de Adolf Hitler.
“A todos os judeus deste país, também quero dizer o seguinte: sei quanto medo vocês devem estar guardando dentro de si. Sei mesmo. E assim, em nome do nosso país, expresso minha solidariedade, mas também minha tristeza por vocês ainda terem que conviver com esses medos. Ninguém deveria ter que passar por isso. Ninguém”, continuou o premiê.
“E por isso prometo que farei tudo o que estiver ao meu alcance para garantir a segurança que vocês merecem, começando por uma presença policial mais visível, protegendo sua comunidade. Prometo que, nos próximos dias, vocês verão a outra Grã-Bretanha, a Grã-Bretanha da compaixão, da decência, do amor. E eu prometo a vocês que a Grã-Bretanha se unirá para abraçar sua comunidade e mostrar que a Grã-Bretanha é um lugar onde você e sua família estão seguros, protegidos e onde pertencem”, concluiu ele.
O Yom Kippur, ou Dia do Perdão, é a data mais sagrada do calendário judaico, quando até mesmo muitos frequentadores não regulares da sinagoga reservam um tempo para orar e todo o trânsito em Israel para. Durante esse dia, que sucede o Rosh Hashaná, o ano novo judaico, os judeus devem fazer jejum absoluto.