Dados obtidos pelo Radar mostram que o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, transferiu 5 milhões de reais para uma publicitária que atuou em campanhas eleitorais do PT, como a disputa de 2010 que elegeu Dilma Rousseff presidente da República.
As transferências para Danielle Miranda Fonteles, que liderou a Pepper Comunicação Interativa, segundo dados do COAF enviados à CPMI do INSS, se deram entre novembro de 2023 e março de 2025, justamente o período mais lucrativo para a quadrilha que roubava aposentados nos porões do governo petista.
Segundo os dados enviados ao Senado, os 5 milhões de reais foram repassados pelo Careca do INSS em seis transações entre 3 de novembro de 2023 e 13 de março de 2025.
A última parcela caiu um mês antes de a Polícia Federal explodir o esquema com uma operação que colocou mais de 700 agentes nas ruas para cumprir mandados contra o bando que assaltou as contas de milhões de idosos.
O documento obtido pelo Radar não afirma que os repasses do Careca do INSS para a ex-publicitária do PT envolvem irregularidades, mas faz apontamentos preocupantes.
“No processo de background check das partes relacionadas, constatamos que a cliente recebe valores de elevado montante provenientes de contraparte com a qual não possui vínculo familiar, societário ou relação econômica legítima identificável. Essa contraparte apresenta histórico relevante de envolvimento em fraudes previdenciárias, figurando como investigada em procedimentos relacionados a irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social. Tal cenário representa risco elevado, pois a movimentação de recursos de origem não claramente justificada, sobretudo oriunda de partes com histórico de ilícitos contra a Previdência, pode indicar tentativa de dissimulação da procedência dos valores ou integração de recursos ilícitos ao sistema financeiro”, diz o banco onde a publicitária tem conta e recebeu os recursos.
“Além disso, a ausência de relação legítima entre as partes reforça a necessidade de diligências adicionais, inclusive para avaliação da compatibilidade dessas transações com a capacidade financeira e o perfil econômico da cliente”, segue o COAF.
Danielle Miranda Fonteles já comandou a Pepper Comunicação Interativa. Ela ficou nacionalmente conhecida ao ser investigada na Operação Lava-Jato por participar de um esquema de financiamento ilegal de campanhas do PT.
Em delação, ela admitiu ter recebido milhões de forma irregular da campanha de Dilma Rousseff. Danielle também delatou esquemas envolvendo campanhas de Rui Costa, atual chefe da Casa Civil de Lula, para o governo da Bahia em 2014. O PT sempre negou as acusações da publicitária contratada pelo partido.
O Radar busca contato com Danielle.