Pesquisa encomendada pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) aponta que seis em cada dez delegados paulistas precisam de trabalhos extras para complementar a renda familiar. Entre os adicionais permitidos aos policiais civis estão a chamada atividade delegada (parcerias com municípios para atuar em ações de segurança) e a atuação como professores — também há a possibilidade de fazer horas extras.
O levantamento mostra ainda que entre os aposentados 42% continuam a trabalhar para aumentar os ganhos financeiros. Um dos aposentados que continuou a atuar foi o ex-delegado-geral do estado Ruy Ferraz Fontes, que atuava como secretário de Administração de Praia Grande, no litoral paulista. Ele foi executado por criminosos depois de uma perseguição pelas ruas e avenidas da cidade no dia 15 deste mês.
A pesquisa está disponível no estudo “Raio-X da Carreira de Delegado de Polícia”, encomendado pelo Sindpesp junto ao Instituto Datapim. Foram entrevistados 711 delegados, entre ativos e inativos, em todo o Estado de São Paulo. O levantamento aponta ainda que entre os servidores da classe da ativa, há queixas ainda sobre exaustão de segunda jornada e sobrecarga de plantões desfalcados de pessoal.
De acordo com o sindicato, o déficit hoje na Polícia Civil paulista é de 15.000 servidores. “Não faltam apenas delegados no expediente. Os cargos vagos são de investigadores, escrivães, perito criminal, papiloscopista e agente”, cita a nota divulgada pelo sindicato nesta terça-feira, 30.
“Infelizmente, as carreiras da Polícia Civil bandeirante são pouco atrativas e se observa, em paralelo, grande evasão para polícias de outros estados, que pagam melhor, e até para outros órgãos públicos e ocupações. Esta é a realidade de uma classe que sofre, há muito tempo, com a falta de uma carreira estruturada e com lamentável e gritante desvalorização remuneratória”, diz a presidente do sindicato, delegada Jacqueline Valadares.
A entidade sindical cobra do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), promessas da época da campanha de 2022, de valorização e de modernização da instituição, que possam vir, inclusive, incorporadas à Nova Lei Orgânica da Polícia Civil – em fase de elaboração. O texto final deve ser finalizado nas próximas semanas. A expectativa é que distorções salariais sejam corrigidas, além de garantias de pagamento de direitos básicos (hora extra, adicional por trabalho noturno e auxílio saúde), segundo a presidente do sindicato.