Em 1990, uma figura da música mundial era onipresente nos rádios e em programas de auditórios nacionais, passando pelos palcos de Faustão na Globo e Silvio Santos no SBT: tratava-se do jamaicano Jimmy Cliff, astro incontornável do reggae mundial. Na época, a canção dele Rebel in Me, uma balada romântica e apoteótica, era tema da protagonista Maria do Carmo, papel de Regina Duarte, na novela Rainha da Sucata — então, o lugar mais nobre para uma canção estar no Brasil da época. Cliff, porém, já era um cidadão brasileiro honorário. Confira três momentos que comprovam que o cantor tinha alma brasileira.
Amizade com Gil
Em 1968, Cliff veio ao Rio de Janeiro representando a Jamaica no Festival Internacional da Canção, no Maracanãzinho. Não ganhou o concurso, mas conquistou o povo — e o cantor Gilberto Gil, com quem estabeleceu uma longa amizade. Na década de 1980, fez diversos shows no país em uma turnê ao lado do colega baiano. Cliff também colaborou com diversos outros cantores nacionais, como Titãs, Araketu, Olodum e Cidade Negra.
Jimmy Cliff in Brazil
Em um disco hoje raro, um jovem Cliff aparece na capa diante da praia de Copacabana. O projeto de 1968 traz o cantor entoando músicas brasileiras em releituras feitas por ele entre o português e o inglês, como Serenou e Andança, canção que ganhou o título The Lonely Walker. Mais tarde, em 1994, lançou outro álbum com o mesmo nome, reunindo suas canções mais famosas com toques de ritmos brasileiros.
Vida no país e filha brasileira
Cliff teve três filhos, Lilty, Aken e Nabiyah Be, que é brasileira, fruto do relacionamento dele com a artista baiana Sônia Gomes. O jamaicano ia com frequência para Salvador, chegou a viver lá nos anos 1980, estabelecendo um forte laço com a cultura local, que influenciaria seu trabalho. Cliff também morou em São Paulo e no Rio de Janeiro — na capital carioca, gravou o clipe do hit We All Are One.